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Unicef e Americanas se unem em ações de combate à pobreza menstrual

Além da distribuição de kits de higiene, a parceria vai trabalhar na formação de jovens e líderes comunitários sobre o tema

A varejista Americanas se uniu ao Unicef (em inglês, United Nations International Children’s Emergency Fund) para distribuir absorventes higiênicos, com vistas ao combate à pobreza menstrual no país. Além de distribuir kits de higiene para adolescentes e escolas, e instalar estações de lavagem de mãos em escolas do Amazonas e Maranhão, a parceria vai trabalhar no esclarecimento e formação de jovens e líderes comunitários sobre o tema.

O tema da pobreza menstrual tem ganhado destaque e relevância no debate social, e muitas instituições têm buscado derrubar estigmas sobre o assunto, assim como possibilitar o acesso aos absorventes, um item básico de higiene cujo acesso ainda é bastante restrito. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que uma em cada dez meninas perca aulas durante o período menstrual por não ter o produto.

A ONU avalia que o número de pessoas vivendo em situação de pobreza menstrual seja de 500 milhões – uma em cada quatro no Brasil. No país, o produto tem carga tributária maior – de 34,48% –, do que, por exemplo, alguns tipos de computadores (24,3%). “Não falta apenas absorventes, mais de 320 mil alunas estão em escolas sem banheiros e mais de 1 milhão não têm papel higiênico nas escolas”, afirma Rayane França, oficial da área de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do Unicef no Brasil, citando dados de estudo divulgados pela entidade em 2021.

Bruna Saboia, gerente de sustentabilidade da Americanas, conta que cerca de sete mil crianças e adolescentes, além de educadores, devem ser impactados pela iniciativa, que tem foco nas regiões Norte e Nordeste. A parceria também prevê o fortalecimento de estratégias de busca ativa escolar do Unicef na região Norte do Brasil.

A executiva recorda que a parceria entre a varejista e o Unicef acontece desde 2015, orientada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): o ODS 4, para a promoção de educação de qualidade; o 5, de igualdade de gênero e o 10, para a redução das desigualdades.

Com 11 anos de experiência na Americanas e há dez respondendo pela área de sustentabilidade, Bruna diz que trabalhar com parceiros estratégicos e em projetos de longo prazo é um dos pilares da companhia. No entanto, o combate à pobreza menstrual é uma novidade. “Todas as pautas que impactam o universo feminino ganharam destaque recentemente. E isso é um reflexo de uma geração muito mais crítica, que questiona e cobra mais e que está contribuindo para fazer a diferença”, afirma.

Um exemplo desse novo tipo de perfil é Victória Dezembro, fundadora da organização não governamental Projeto Luna, que conta com parceiros eventuais. A jovem fundou a ONG em 2020 e, desde então, já distribuiu 932 kits, totalizando 27,9 mil unidades de absorventes.

“Há uma perda enorme de geração de riqueza no mundo quando meninas não conseguem estudar ou mulheres não podem trabalhar. No limite, são médicas, engenheiras e professoras com as quais a sociedade deixa de contar”, diz Victória. “Ninguém deveria ficar para trás só porque menstrua”, completa.

Segundo Rayana França, do Unicef, a parceria com a Americanas deve começar em dois meses – tempo necessário tanto para a articulação com estados e municípios, quanto para o engajamento das lideranças locais. “A maioria da população é de ribeirinhos, indígenas e quilombolas. Quando vamos às escolas dizer o que é dignidade menstrual, não são poucas que dizem que não sabiam que ir para a escola é um direito e que não sabiam que não ter absorvente higiênico fosse um problema comum”, encerra.

Fonte
Valor Econômico
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