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Importância do PCP para uma conversão de tissue

Por Dineo Silverio, CEO da Connecttissue

O crescimento em qualquer indústria é reflexo das estratégias empregadas que garantem a rentabilidade e a produtividade da empresa, e isso não é novidade para ninguém.

No mundo da produção do tissue, uma dessas estratégias está em realizar muito bem uma coordenação entre o que se produz e o que se vende. Afirmo isso porque em minha experiência em conversão de tissue, presenciei muitas vezes empresas de todos os portes “se perdendo” nesse quesito, atropelando a programação de produção para entregar um determinado produto ou SKU que possui quebra de estoque, com a célebre frase: “corre com a produção porque o caminhão está esperando na porta”, ordenando algumas mudanças de formatos e de produto nas linhas de conversão de forma inesperada, criando dessa forma stress na cadeia produtiva e perda de eficiência.

Essa perda de eficiência produtiva provém, em sua grande parte, do desperdício ocorrido por perdas no processo. Normalmente, uma linha de conversão, por maior que seja o nível de automatização que possa conter e com uma equipe muito bem capacitada que esteja controlando a mesma, chega à sua eficiência nominal de produção em até 3 turnos após a troca de um produto. Existe invariavelmente uma rampa de melhoria produtiva após a troca de um produto, e isso acontece por inúmeras razões que podemos descriminar em uma outra oportunidade.

Nosso foco aqui é sinalizar a necessidade de uma correta estratégia e coordenação entre essas áreas, vendas, produção e logística interna.

A conhecida ferramenta PCP (Planejamento e Controle da Produção) pode gerar para as empresas que a adotem uma vantagem competitiva perante seus concorrentes, e digo isso porque são poucas as empresas de tissue que realmente adotam essa estratégia de forma correta e eficaz.

O PCP é um elemento importante para uma gestão eficiente e para as tomadas de decisão no dia a dia de uma planta de conversão, pois, por intermédio dele, as atividades desempenhadas pelo setor de produção são monitoradas. Desde o planejamento da matéria-prima, da carteira de pedidos, do tempo de processamento, da análise da capacidade instalada, do roteiro e fabricação até o acompanhando da qualidade, dos níveis de produção e níveis de estoque durante todo o processo.

Ele é a atividade de se decidir sobre a alocação adequada dos recursos no processo produtivo, conciliando o que o mercado deseja com o que a empresa pode oferecer (demanda e oferta).

A produção de tissue é a finalidade de existência de uma empresa desse ramo, pois toda organização existe para produzir algo que satisfaça as necessidades e desejos dos clientes e consumidores. Mas esta tarefa não é tão simples como parece, porque diversos fatores podem interferir no processo produtivo de uma conversão de tissue, desde uma programação errada, produtos defeituosos, atraso de matéria-prima ou insumos, maquinário parado por problemas técnicos, processamento de produtos, custos elevados de produção, de pessoal e entre outros.

Por isto, gerir de maneira adequada este processo não garante apenas a eficiência e a eficácia de uma conversão de tissue, mas sua sustentabilidade no mercado e a lucratividade do negócio. Levando em consideração estas questões, o PCP seria a ferramenta que possibilitaria aos gestores de fabricas de tissue de planejar, acompanhar e controlar sua produção de modo a tornasse competitivo diante de seus concorrentes. É uma ferramenta que planeja e programa a produção e as operações da empresa, bem como as controla adequadamente para tirar o melhor proveito possível em termos de eficiência e eficácia.

Outra característica importante do PCP nas conversões de tissue é o controle. Através dele, a produção é verificada e acompanhada como forma de evitar erros e desvios que possam comprometer a produtividade e o desempenho da organização, melhorando continuamente os processos para que os erros não se repitam. É na fase do controle, principalmente, que os gestores buscam gerenciar os estoques de diferentes produtos de tissue para que haja níveis de estoques suficientes para atender a demanda externa e evitar atrasos na entrega e a insatisfação dos clientes. Sabemos que no tissue, gôndola vazia é perda de marketshare na certa.

Além disso, o PCP auxilia as empresas a escolherem o plano de produção que atenda melhor as necessidades das mesmas, aproveitando os recursos internos como forma de alavancar a produção e evitando ao máximo trocas de produto e formato nas linhas de forma desnecessária ou sem planejamento. É óbvio que este plano também deve ser flexível, pois mudanças podem ocorrer a todo instante, tanto internas, que são controláveis, quanto externas, que não estão sob o controle da empresa, mas quanto maior for a previsibilidade, e menor for o número de trocas de produto e formato, certamente maior será a eficiência de uma linha ou de uma conversão.

Assim, essa ferramenta ajuda aos gestores tanto a programar, como também aplicar e acompanhar a execução do plano pela área de produção de tissue, possibilitando a integração com os demais setores, com a finalidade de atingir os objetivos estabelecidos pela organização.

Algumas das principais causa mortis das empresas são em decorrência da falta de planejamento prévio, gestão empresarial e comportamento empreendedor. Nos itens planejamento e gestão, pesquisas demostram que as empresas não conhecem o mercado em que atuam, não atualizam as suas tecnologias, e não utilizam de ferramentas para calcular o nível de vendas e demandas, ou estratégias de diminuição de desperdícios.

Com isso, nota-se a importância do uso do planejamento e do controle da produção para o alcance dos objetivos pretendidos pela organização e sua permanência no mercado, principalmente em um cenário tão competitivo em que estamos observando no setor do tissue atualmente.

Este artigo reflete as opiniões do colunista e não do Nexum Group/Tissue Online. O veículo não se responsabiliza pelas informações publicadas acima e/ou possíveis danos em decorrência delas.

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Dineo Silverio

Dineo Silverio é CEO da Gambini Brasil, empresa especializada em Linhas de Conversão com Alta Inovação Tecnológica, além de ser membro de vários Conselhos Diretivos e Estratégicos de empresas do setor. Possui ampla experiência e vivência na área de conversão, com mais de 31 anos dedicados ao setor tissue. Com vasta experiencia técnica obtida pela instalação várias linhas de conversão e inúmeros outros projetos de melhorias e adaptações de máquinas, além conhecer profundamente os processos produtivos dos equipamentos e complexidade do setor, pois atuou em cargos diretivos por diversos anos na antiga Fabio Perini, com mais de 200 linhas de conversão e projetos realizados e negociados, tudo isso atuando em clientes do Brasil e toda América Latina, criando dessa forma uma ampla rede de relacionamentos sólidos com clientes e fornecedores. Atualmente esta a cargo do projeto da Gambini Brasil com uma nova fábrica de equipamentos em Joinville/SC.

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