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Alta tecnologia faz Celulose Riograndense quase quadruplicar sua produção

Expansão da nova fábrica é mais um capítulo da história da produção de papel e celulose no Estado, iniciada em Guaíba no século 19
Expansão da nova fábrica é mais um capítulo da história da produção de papel e celulose no Estado, iniciada em Guaíba no século 19

40 anos se passaram desde o fechamento da fábrica da norueguesa Borregaard. Quatro décadas depois, o que a maioria dos moradores de Guaíba e Porto Alegre festeja é uma reviravolta no caso: a ampliação da Celulose Riograndense, cuja unidade original funciona exatamente no mesmo local onde as portas da Borregaard foram seladas, representa o maior investimento privado da história do Estado.

No dia seguinte ao fechamento, 7 de dezembro de 1973, ZH dedicou toda a capa do jornal e mais três páginas internas ao episódio. Coube ao então secretário de Estado da Saúde e do Meio Ambiente, Jair Soares, fechar a Borregaard, inaugurada 20 meses antes. Foi à sede gaúcha da empresa – cuja matriz fica na Noruega – num flamante Dodge Dart preto, placa oficial número 032, e executou o seu poder de polícia sanitária. Na pasta, um laudo assinado pelo químico Millo Raffin atestava os perigos da contaminação.

– A Borregaard havia se transformado num drama para toda Porto Alegre – lembra Jair Soares, hoje com 80 anos.

Não faltaram negociações. Antes da interdição, a empresa norueguesa sofreu um auto de infração, ficando obrigada a instalar filtros antipoluição, os quais deveriam reter 90% das emissões. Mas venceu o prazo, 90 dias depois, e o odor continuou insuportável, especialmente quando o vento soprava de sul, leste e sudoeste. Dizem que a pestilência invadia até os salões do Palácio Piratini, onde o governador Euclides Triches acumulava reclamações.

A Borregaard trazia a esperança de prosperidade, mas se converteu em pesadelo. Multiplicavam-se os manifestos do “Assine contra o Fedor”, que recolhiam adesões inclusive em restaurantes. Flávio Lewgoy, 87 anos, lembra que ingressou na lendária Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) para ajudar nas mobilizações.

– Era um cheiro sufocante, de ovo podre. Dependia da direção do vento, mas era permanente na zona sul da cidade – diz Lewgoy, professor aposentado de Genética da UFRGS.

Contemporâneo de José Lutzenberger, Lewgoy lembra que a Agapan, do qual é conselheiro, acompanhou as atividades das sucessoras da Borregaard – Riocell, Klabin e Aracruz. E seguirá monitorando a planta atual, da Celulose Riograndense, por entender que o tipo de indústria causa impacto ambiental.

– Embora não haja cheiro, a atmosfera será poluída por clorofórmio. Os ventos continuam os mesmos, substâncias tóxicas não podem ser emitidas – adverte o ambientalista.

A Agapan e suas pares também se preocupam com as plantações extensivas de eucalipto, necessárias para abastecer a fábrica. Lewgoy pondera que não é contra a indústria de celulose, pois a civilização não pode prescindir do papel, mas quer controles rígidos nas operações.

– O eucalipto pode continuar a devastação do pampa – alerta.

Tecnologia de ponta contra a poluição

A tecnologia utilizada pela Borregaard e outras empresas do setor na década de 1970, para produzir celulose e tratar as emissões aéreas e líquidas do processo, foi condenada por ser obsoleta. Herdeira do local onde operou a indústria norueguesa, em Guaíba, a Celulose Riograndense usa agora equipamentos de última geração para controlar os índices de poluição.

– Empregamos o que tem de melhor no mundo, e um pouco mais – garante o presidente da empresa, Walter Lídio Nunes.

A Celulose Riograndense toca o megaprojeto de ampliação da fábrica em Guaíba. São previstos R$ 5 bilhões até 2015, com planos de proporcionar de 5 mil a 7 mil empregos, a maior parte destinada a moradores da região.

Uma das preocupações com a sustentabilidade do projeto foi a de não trazer grandes contingentes de trabalhadores de fora do Estado. A produção de celulose deverá quadruplicar, alcançando 1,75 milhão de toneladas por ano. Walter Lídio assegura que a ampliação está guarnecida por cuidados ambientais.

– A tecnologia que usamos, atualmente, é diferente – assegura.

O dirigente afirma que a indústria de celulose evoluiu tanto na produção quanto na eficiência ambiental. Walter Lídio explica que as emissões de gases foram reduzidas ao mínimo e passam por uma sequência de filtros, assim como o manejo dos efluentes líquidos. Também se emprega menor quantidade de água na fabricação da pasta de celulose.

Quando anuncia que a Celulose Riograndense, do grupo chileno CMPC, vai além do que está disponível no mundo, Walter Lídio refere-se à prevenção para situações de emergência. Os sistemas de contenção serão duplicados e triplicados, para evitar acidentes.

– É no sentido de não causar nenhum desconforto à sociedade, mesmo que momentâneo – promete.

 

Fonte: Zero Hora
Adaptado por Tissue Online

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