Recessão global não deve impactar consumo de papel higiênico, diz Walter Schalka
Apesar das projeções otimistas, o CEO da Suzano apontou para um possível downgrade do modelo folha tripla para o de folha dupla
O cenário global tem sido de muitos desafios na transição da indústria para um período pós-pandêmico. Dentre eles, destaca-se a guerra entre Rússia e Ucrânia que infligiu outros problemas econômicos, principalmente na Europa, como a crise energética que tem afetado diversos fabricantes de tissue.
Os baixos níveis de estoques globais da celulose, que culminaram numa crescente do valor da commodity, também têm sido um fator determinante para o setor, bem como os gargalos logísticos ao redor do mundo.
Diante desse contexto adverso, Walter Schalka, CEO da Suzano, acredita que o mercado de tissue não deve sofrer grandes mudanças com relação ao consumo. “Pode até ter uma recessão global, porém o consumo de papel higiênico não vai mudar muito. Pode até ter um downgrade, de um modelo folha tripla para outro folha dupla, por exemplo, no entanto, o consumo total tem pouca volatilidade”, afirma o executivo.
Apesar das dificuldades, segundo Schalka, há perspectivas positivas para o futuro da Suzano. O executivo diz que há uma movimentação em alguns países favorável à celulose de fibra curta – que é a especialidade da companhia. “A produção de fibra curta, no último mês, não cresceu e a demanda cresceu 120 mil toneladas [no mundo]”, explica.
Conforme o CEO da gigante de celulose, essa mudança ocorre em razão de a fibra curta estar tomando o espaço da fibra longa. “Hoje, o mercado global de tissue roda 46% com fibra curta – esse número era de 30% há alguns anos. Sabe quanto nós produzimos com fibra curta? 100%”, fala.
De forma geral, ele acredita que o mercado de tissue deve continuar em expansão. “A população no mundo cresce, assim como a urbanização, o que aumenta o consumo de tissue. Então, o nosso mercado vai continuar crescendo”, conclui.