Kimberly-Clark receberá US$ 175 milhões por venda de ativos à Suzano
Com a aquisição, a gigante de celulose vai aumentar sua participação no mercado brasileiro de papéis tissue de 11% para 20% a 25%
Após vencer uma concorrência acirrada pelos ativos da Kimberly-Clark no Brasil, incluindo players estrangeiros, a Suzano vai aumentar sua participação no mercado brasileiro de papéis tissue de 11% para 20% a 25%. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários, a gigante de celulose afirmou que o valor da transação foi de US$ 175 milhões (um montante próximo a R$ 940 milhões, na cotação atual).
De acordo com os analistas do Bank of America, com a aquisição, a companhia terá volume de vendas comparável ao da CMPC no segmento de tissue. O Citi calcula que as vendas totais da Suzano aumentem em 2% com a operação.
A transação, anunciada na noite de segunda-feira, 24, inclui a marca Neve, juntamente com os ativos da Kimberly-Clark Professional, além da concessão de licenciamento para a fabricação e comercialização das marcas Kleenex, Scott e WypAll no país, e a fábrica da multinacional localizada em Mogi das Cruzes (SP), com capacidade instalada de 130 mil toneladas anuais de papel.
A compra alçará a empresa à posição de segunda maior fabricante de tissue do país – antes, ela estava na terceira posição, com capacidade produtiva de 141.600 toneladas por ano. Agora, esse valor chega a 271.600, mas será ainda maior com a concretização do projeto da nova fábrica em Aracruz (ES), cujas operações devem iniciar em 2024 com capacidade para 60 mil toneladas – somando 331.600 toneladas anuais de papel tissue.
O primeiro lugar continua com a Softys, da chilena CMPC, que, ao adquirir a Carta Fabril, passou a contar com uma capacidade produtiva acima de 370 mil toneladas/ano.
A compra dos ativos brasileiros da Kimberly-Clark pela Suzano ainda está sujeita ao cumprimento de condições precedentes, como a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O PÁREO
Companhias estrangeiras, como RGE e Woodland, também disputavam os ativos e ainda podem fechar transações com a Kimberly-Clark em outros mercados da América Latina. Inicialmente, a K-C queria vender os ativos na região num mesmo pacote, mas acabou aceitando o desmembramento proposto pela Suzano.
Dona da Bracell, a RGE inclusive estaria buscando outros ativos no mercado nacional de tissue, com vistas a aquisição. Em nota, a companhia afirmou que “analisa consistentemente oportunidades de negócios atraentes, inclusive no setor de tissue”. “No entanto, não podemos responder a especulações de fusões e aquisições no mercado neste momento”, acrescentou.