Grupo Muffato avança em negociação com o Makro
Grupo Pereira teve interesse na operação, mas Muffato ganhou preferência, acelerando acordos no último mês

O Grupo Muffato avançou, no último mês, as negociações das 24 lojas da rede de atacado Makro, localizadas em São Paulo. Além dos pontos, a sede da rede e o centro de distribuição em Cajamar (SP) também estão em discussão.
Os representantes do Makro iniciaram as sondagens a potenciais interessados e fontes circulam a informação de que o Grupo Pereira, dono da Fort Atacadista, teve interesse na operação e chegou a tratativas iniciais, mas que Muffato teria tido a preferência e acelerado as conversas.
Em um primeiro momento, os ativos foram avaliados em cerca de R$ 3 bilhões, mas por conta de litígios judiciais e porque o Muffato identificou sobreposição de algumas lojas da rede com o Makro, em São Paulo, a projeção é de que o negócio seja fechado num preço abaixo desse patamar, na faixa dos R$ 2 bilhões. O acordo inclui 16 postos de combustíveis.
Caso as conversas continuem avançando no ritmo atual, há uma expectativa de que a transação com possa ser fechada nas próximas semanas. Assim, se o acordo for concluído, Muffato entraria na capital paulista e seria controlado pela família de mesmo nome, pois a empresa passaria a ter pontos nos bairros do Butantã, Lapa, Interlagos e Vila Maria.
Até o momento, o Grupo Muffato conta com 82 unidades no país, mas opera apenas no interior de São Paulo e no Paraná, onde lidera o mercado de varejo alimentar. Cerca de 80% de seus pontos estão no Sul e, no interior paulista, a companhia tem sete unidades da bandeira Max Atacadista e nove do Super Muffato.
As negociações devem ser fator de pressão para o maior e mais concorrido mercado de atacarejo do país. Segundos dois executivos de redes rivais, nem todos os pontos à venda são cobiçados, mas as unidades no Butantã e Vila Maria são lojas “bem competitivas”.
O aumento da força do Muffato no estado de São Paulo não deve mexer só com o segmento de atacarejo, mas tornaria a rede mais forte também em supermercados. Quem ficar com as lojas do Makro adicionará em vendas anuais cerca de R$ 3 bilhões, o mesmo valor pedido em operação, além de ganhar poder de permutar com a indústria.
Se o Grupo Muffato fizer negócio com a Makro, irá superar os Supermercados BH, pulando da sexta posição geral do ranking para o quinto lugar. Também se distanciaria mais do Pereira, sétimo na lista geral. Os dados consideram o faturamento das redes em 2021, publicado pela Abras, a entidade do setor.
Além disso, a empresa descolaria dos chilenos da Cencosud, que subiu no ranking e praticamente empatou em vendas com o Muffato após a compra do Giga Atacado, concluída neste mês, por R$ 500 milhões. “Ainda seria uma forma de o Muffato mostrar ao mercado que não deve ficar parado vendo a Cencosud voltar a crescer”, disse uma fonte do mercado.
Segundo informações, o Santander chegou a conversar com a Cencosud para apresentar proposta pelo Makro, mas a empresa não se interessou. Sebastián Los, presidente da Cencosud no Brasil, deixou claro que a empresa não avaliaria o ativo.
Apesar das movimentações do setor, com aquisições e disputas, outra negociação foi fechada recentemente: o Makro vendeu um ponto em Campo Grande (MS) para o Grupo Pereira, que confirmou a transação.
Mesmo com a queda nos valores de mercado e as análises mais criteriosas para os projetos de crescimento, em parte pela lenta retomada econômica, as operações atuais avançam, mas por outras razões.
Segundo uma fonte a par das operações, o Makro não quer esperar uma melhora de preço para deixar o país, por isso, aceita negociar condições até determinado limite. Com a conclusão da venda, a empresa sairá definitivamente do Brasil, após já ter vendido parte da operação ao Carrefour em 2020.
A rede holandesa chegou no país 50 anos atrás, mas, na última década, fatores como o forte crescimento do Assaí e do Atacadão, e a aceleração do mercado de atacarejo – negócio que ela demorou a explorar no país –, acabou levando a empresa a perder competitividade e mercado.