Compra de ativos da Kimberly-Clark traz complementaridade, diz diretor da Suzano
Entre as razões para a aquisição do negócio, está a complementaridade de geografias e de produtos, como, por exemplo, o portfólio “away from home”, segundo Luis Bueno
A compra dos ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil pela Suzano foi um dos assuntos de destaque da teleconferência da gigante de celulose na última sexta-feira, 28, sobre os resultados do terceiro trimestre.
O diretor executivo de Bens de Consumo e Relações Corporativa, Luis Bueno, destacou algumas das razões para a aquisição do negócio – a principal delas seria a complementaridade de geografias e de produtos. “As duas operações combinadas terão participação de mercado de cerca de 22%”, comentou o executivo.
Essa fatia é calculada com base em dados recentes da Nielsen e coloca a Suzano como a segunda maior player no mercado, atrás apenas da Softys, da CMPC. Já dados da Euromonitor, outra consultoria de consumo, indicam que o setor de tissue movimentou R$ 10,66 bilhões no ano passado e que a Kimberly-Clark respondeu por 8,3%. A motivação da aquisição, no entanto, vai além do aumento da participação.
Bueno afirmou que a proposta da companhia é manter as marcas com as quais já atua nesse segmento – Mimmo e Max Pure – e agregar a marca Neve ao seu portfólio. Além disso, a transação, no valor de US$ 175 milhões – a ser pago inteiramente com caixa da companhia –, inclui os ativos da Kimberly-Clark Professional, bem como a concessão de licenciamento para a fabricação e comercialização das marcas Kleenex, Scott e WypAll no país – a linha “away from home”, inclusive, foi um dos principais atrativos para a Suzano, que, até então, só atuava no segmento doméstico.
A operação ainda abrange a fábrica da multinacional localizada em Mogi das Cruzes (SP), com capacidade instalada de 130 mil toneladas anuais de papel, e está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
GEOGRAFIA
Em termos geográficos, a Suzano deve ampliar seu leque de atuação, antes mais restrito ao Norte e Nordeste, enquanto a Kimberly-Clark tem forte presença no Sudeste. “Nosso foco nos próximos meses será integrar essa operação e com o projeto em Aracruz”, disse Bueno, referindo-se aos planos da construção de uma fábrica de tissue no Espírito Santo.
“KC e Suzano têm complementaridade de regiões e consumos, não deve haver aumento de preços, nesse cenário. Nossa intenção é manter as marcas, que são complementares e com fortalezas diferentes por região e mesmo posicionamento de preços”, falou Bueno, ressaltando que o mercado de tissue é altamente pulverizado: “existem mais de 50 marcas”.
O executivo ainda afirmou que a Suzano tem uma visão positiva para o mercado brasileiro, diante do crescimento do segmento premium e do potencial aumento do consumo de papéis tissue. “A premiunização já vinha acontecendo e a expectativa é de que continue essa tendência de migração para papéis de folhas dupla e tripla. A segunda vertente de crescimento é de consumo per capita. O consumo de papel ainda é muito baixo, de sete quilos por pessoa por ano. Países vizinhos têm o dobro, como o Chile. Olhando esse cenário, é natural que esse mercado cresça e se desenvolva nessas duas vertentes”, avaliou.