Marcelo Bacci, diretor executivo de finanças, relações com investidores e jurídico da Suzano, afirmou, em live do InfoMoney na segunda-feira, 15, que a aquisição da Fibria em 2018 gerou ganhos de sinergia para a companhia, mas a alavancou por muitos trimestres. Neste ano, no entanto, a gigante de celulose se considera pronta para ver seu endividamento voltar ao nível ideal, possibilitando a retomada do crescimento.
“Tínhamos previsto no ano passado quatro pontos principais. Primeiro, a gente tinha prometido entregar 90% do potencial de captura de sinergia com a Fibria, e o número que a gente tinha dado para o mercado era R$ 1,1 bilhão por ano de redução de custo. Isso aumenta nossa geração de caixa e reduz a alavancagem”, disse.
“A gente entregou 100% do plano e um número maior, de R$ 1,3 bilhão. O segundo ponto foi vender ativos não operacionais, (…) e vendemos R$ 1,5 bilhão. (…) O terceiro ponto era que a gente tinha se comprometido a reduzir nosso estoque de celulose, liberando cerca de US$ 500 milhões. Isso foi feito, nosso estoque está em nível mínimo histórico. E finalmente a gente se comprometeu a fazer um capex menor em 2020, de R$ 4,2 bilhões”, acrescentou o executivo.
Ele avalia que a alavancagem ideal da Suzano seja de duas a três vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), podendo alcançar 3,5 vezes no período de crescimento.
“A gente vem de uma transação extraordinária, a compra da Fibria, a alavancagem ficou mais alta, mas caiu para 4,3 vezes em dezembro de 2020. Certamente, ao longo deste ano, continuando as condições que estamos vendo para a celulose, vamos chegar a 3 vezes, o que vai nos permitir retomar plano de crescimento”, defendeu.
Marcelo ainda falou sobre a recuperação dos preços da celulose no exterior, sobretudo, na China – o principal destino das exportações da Suzano – observada neste ano. A companhia se beneficia da alta do dólar no Brasil, pois é exportadora e seus custos são em reais, enquanto a geração de caixa é em dólar. Uma vez que sua dívida também é em dólar, Bacci salientou que a empresa precisa fazer uma política de hedge.
Com relação à digitalização, intensificada com a pandemia de Covid-19, o diretor ainda citou o fato de o papel – sobretudo o de imprimir e escrever – estar perdendo espaço no mercado global. No entanto, alguns segmentos, como o de tissue, continuam fortes, apesar de sua utilização per capita ainda ser baixa em economias emergentes.
“Tem a questão da natureza renovável do papel. Alguns produtos que são de plástico serão substituídos aos poucos por papel”, declarou, ressaltando a preocupação da Suzano com sustentabilidade, ao mencionar a emissão de bonds da companhia atrelada a práticas sustentáveis, com a menor taxa de emissão já registrada por uma empresa no país.
Marcelo também deu destaque para as metas de diversidade da companhia: uma fatia de 20% do conselho é composta por mulheres e, apesar de 54% dos colaboradores serem negros, eles têm dificuldades para ocupar cargos na diretoria – cenário que a fabricante de celulose pretende mudar.