A Suzano concluiu, nesta semana, a reabertura de um bônus para 2031, denominado em dólar, por meio do qual captou mais US$ 500 milhões. A taxa foi a menor já paga por uma empresa brasileira para um papel internacional de dez anos, de 3,10%. Em setembro, na emissão original desse papel, a Suzano havia levantado US$ 750 milhões, com yield de 3,9%.
Trata-se do primeiro bônus “sustainability-linked bond” de uma companhia brasileira e o segundo já lançado no mundo. Diferentemente do “green bond”, os recursos angariados com esse papel não são carimbados para uso em projetos específicos. Nesse caso, a empresa assume compromissos com metas ambientais. A Suzano, por exemplo, se comprometeu em reduzir em 10,9% as emissões de gás carbônico, considerando a média de 2024 e 2025, em relação ao ano de 2015. Caso a meta não seja cumprida, o juro do papel é acrescido de 25 pontos-base a partir de 2026, no quinto ano de vida.
Segundo Marcelo Bacci, diretor financeiro da Suzano, a companhia não tinha necessidade de levantar mais capital, mas aproveitou a demanda de nove vezes a oferta original e o fato de as taxas do título seguirem caindo no mercado secundário para realizar essa nova captação. O recurso será usado para repagar dívidas bancárias.
“Esse papel saiu 16 pontos-base mais barato que um outro bônus que temos para 2030 [ou seja, também com prazo de dez anos], o que mostra o grande valor que os investidores dão para os critérios ESG (Environmental, social and corporate governance; em português, Governança Ambiental, Social e Corporativa)”, comentou.
O executivo explicou que a Suzano objetiva reduzir a alavancagem. No momento, a relação dívida/Ebitda está em 4,4 vezes e espera-se chegar abaixo de três vezes no futuro próximo. “Estamos alongando a dívida e melhorando o perfil, já que essa emissão teve um custo ótimo. Resolvemos aproveitar a oportunidade, porque o momento era oportuno, temos uma liquidez grande no mundo, o papel estava negociando a taxas muito baixas no mercado secundário e podemos ter incertezas pela frente [no cenário macroeconômico]”, completou.
A gigante de celulose estuda novas possibilidades de bônus atrelados à sustentabilidade, com outras metas, também de green bonds, mas até agora, não tem nenhuma ação prevista para curto prazo.