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Setor industrial se frustra com suspensão de programa para reduzir consumo de energia

O ONS justificou a suspensão com a melhora nas condições dos reservatórios de hidrelétricas, mas não descartou retorno do programa em 2022

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) suspendeu o programa de incentivo à indústria, iniciado em setembro deste ano, para reduzir ou deslocar seu consumo de energia para fora dos horários de pico. O programa poderia durar até abril de 2022, conforme portaria do Ministério de Minas e Energia (MME).

A medida tinha como objetivo evitar sobrecarga no sistema elétrico, que poderia provocar apagões pontuais, pois, à época, o país estava no auge de uma crise energética, com reservatórios das hidrelétricas em níveis baixíssimos.

“A melhora das condições hidroenergéticas, a efetividade dessas ações emergenciais e a garantia de suprimento de energia em 2021 são os principais motivadores da decisão do operador”, disse o ONS, em nota.

O operador ainda afirmou que o início das chuvas dentro do prazo esperado, “além da participação dos diversos agentes e da sociedade na adoção das medidas propostas”, foram fatores fundamentais para garantir que, em 2021, o período de pico de energia seja atendido sem a necessidade de utilização da reserva operativa.

No entanto, uma retomada do programa não é descartada em 2022, “caso seja identificada a necessidade de recursos adicionais para atendimento à demanda por energia elétrica no país”.

O ONS informou, também, que recebeu a oferta de redução de 442 megawatts-médios (MWm) por hora em setembro e mais de 600 MWm/h em outubro. Questionado sobre o número de empresas participantes do programa e o valor pago às empresas, disse que “trimestralmente, será feito um relatório com a divulgação dos números”.

DECISÃO SURPREENDE INDÚSTRIA

O setor industrial reagiu com surpresa à suspensão anunciada pelo ONS. Para o gerente de Energia Elétrica da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Victor Iocca, a decisão foi uma quebra de confiança.

“Para a gente foi uma grande surpresa. O comunicado ocorreu depois do prazo final da oferta para novembro”, diz Iocca, acrescentando que diversas indústrias apresentaram ofertas para reduzir ou deslocar o consumo de energia em novembro.

“Várias dessas plantas industriais operam no prejuízo justamente porque, para participar do programa, há todo um planejamento para readequar a sua produção”, completa Victor.

Alguns exemplos citados pelo gerente da Abrace são indústrias que instituíram terceiro turno na madrugada e que transferiram parte da sua produção para outras localidades não abarcadas pelo programa.

Fonte
G1
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