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Setor de Papel & Celulose brasileiro se blindou de crise externa; entenda

De acordo com informações da Coinvalores, o Brasil atualmente detem o menor custo de produção de celulose fibra curta do mundo.

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A inauguração de diversos projetos de expansão de capacidade, ou greenfields ao redor do globo em 2012 e 2013, ocasionaram um cenário de considerável acréscimo da oferta mundial de celulose de fibra curta (BHKP), pressionado sua cotação nos principais mercados internacionais, sobretudo no mercado asiático, que atingiram as cotações mínimas históricas, cerca de US$ 450 a tonelada.

De acordo com informações da Coinvalores, em relatório, os impactos dos menores preçosforam sentidos de forma considerável nas empresas do setor, sobretudo nas empresas com forte exposição às exportações. Porém, vale ressaltar a competitividade da indústria celulósica brasileira, pois condições climáticas favoráveis e tecnologia de ponta permitiu que o Brasil atualmente detenha o menor custo de produção de fibra curta do mundo, assim apesar da rentabilidade das empresas brasileiras terem ficado comprometida, estas se viram em posição privilegiada frente aos demais produtores mundiais.

No final de 2014, a sazonalidade favoreceu o aquecimento da demanda internacional, devido ao processo de recomposição de estoques, (sobretudo nos EUA e China), o que aliado ao menor ritmo de inaugurações propiciou alento às cotações da commodity, que iniciaram franca recuperação. Porém, a pergunta que permanece é, e daqui pra frente? Para 2015, o cenário de recuperação nos preços de celulose de fibra curta deve permanecer, além da demanda, aquecida importantes projetos de expansão ao redor do globo foram postergados ou até mesmo cancelados.

Porém, o principal fator de otimismo se deu com os anúncios de fechamento de três fábricas ao redor do globo no segundo semestre de 2014, que resultaram em uma retirada do mercado de cerca de 830 mil toneladas anuais de celulose. Tais fechamentos devem se tornar tendência no exterior, devido à comentada relação de custos de diversos players internacionais, de forma a acentuar o processo de recuperação nos preços de celulose.

Na esteira dos anúncios, as companhias exportadoras brasileiras (Fibria [FIBR3] e Suzano [SUZB5]) anunciaram no início de outubro um reajuste de cerca de US$ 20 por tonelada nos preços vendidos aos principais mercados internacionais, corroborando o cenário de recuperação nos preços internacionais da commodity.

No quesito demanda, o destaque fica com a Ásia, que nos últimos anos vem caminhando a passos largos em termos de representatividade nas exportações brasileiras. Em 2009 o país era destino de 17,6% das exportações de celulose brasileira, já no primeiro semestre de 2014 passou a representar 32,6%. Apesar de ser forte produtora mundial, a indústria celulósica chinesa foi uma das que mais apresentaram dificuldades durante o biênio 2012/13 devido ao seu elevado custo de produção frente a demais concorrentes globais.

Durante o momento mais preocupante de precificação de fibra curta na Ásia, o spread entre preços de fibra curta e longa alcançaram o patamar de US$ 250 por tonelada, o que motivou diversas produtoras asiáticas a alterarem seu parque fabril para o processamento de fibra longa, sendo a “alternativa” para se manterem rentáveis. Este processo deve levar tempo, e a perspectiva é que ao longo de 2015 o país mantenha aquecida a demanda por fibra curta, para suprir a queda na produção interna das fabricas que alteraram seu processamento para fibra longa, e para suprir o crescente consumo de papel no mercado chinês.

Assim, a tendência para os próximos anos é que a China continue ganhando share nas exportações brasileiras, principalmente se considerarmos os baixos índices de consumo de papéis quando comparado com outras economias, e a maturidade dos demais destinos das exportações brasileiras, como os EUA e a Europa, que expressam pouco avanço no consumo interno de papéis. Já no que tange ao segmento de papéis, a conjuntura de baixo crescimento econômico vem pesando cada vez mais nos resultados das empresas voltadas para o mercado interno, em bolsa temos a Klabin (KLBN11) que possui cerca de 70% das receitas oriundas do Brasil, e em menor escala a Suzano com cerca de 50% de suas receitas.

Diante de uma conjuntura de crescimento anêmico nos volumes de vendas, cada vez mais a flexibilidade no mix de produtos e o forte contingenciamento nos custos de produção vem sendo diferenciais estratégicos do setor para mitigar os efeitos adversos da economiadoméstica. Além disso, a capacidade de flexibilizar as operações entre os mercados interno e externo (mediante as condições de mercado) também vem garantindo importantes ganhos para as empresas do setor, e a tendência é de que este processo se intensifique em 2015, pendendo para maior exposição as exportações, conforme os preços de celulose no mercado internacional apresentem recuperação.

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