De acordo com a XP Investimentos, o dólar estabilizado e o preço da celulose ligeiramente menor ao registrado no trimestre anterior devem levar a resultados financeiros mais fracos para as empresas do segmento, mas, ainda assim, com números considerados bons.
O preço da celulose foi negociado, em média, a US$ 445 a tonelada, valor 4,8% mais baixo do que no segundo trimestre.
Já no segmento de papel, o principal destaque é o aumento do preço de papelão reciclado em 10% na comparação trimestral e pode reduzir as margens dos recicladores, tendo em vista que há uma defasagem de alta de preços para os mercados finais.
Por sua vez, o papel para embalagens e papelão ondulado, cujo aumento foi de 22% com relação ao segundo trimestre, tendem a continuar compensando os fracos volumes de papel para imprimir e escrever, segundo o relatório.
KLABIN
Entre as companhias, a XP destaca a Klabin, que espera trazer um conjunto de resultados mais fortes no trimestre, sustentados pelos volumes de vendas de celulose e papel, além do mix de produtos. No setor de papel, os volumes serão ligeiramente menores, com preços mais altos, devido à crise provocada pela pandemia de Covid-19.
“É importante destacar que o dólar ainda alto é o principal fator de preocupação com relação à alavancagem de cinco vezes a relação entre dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações)”, diz o relatório.
Para a Klabin, a XP tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 32, sustentados por uma demanda saudável por papel e embalagens futura e uma recuperação gradual dos preços da celulose.
Os resultados da Klabin devem ser divulgados na segunda-feira, 26, antes da abertura, e a corretora estima uma receita líquida de R$ 2,95 bilhões no trimestre, uma alta de 19,1% na comparação anual.
Também há a projeção de um lucro líquido aproximado em R$ 569 milhões, alta de 185% na mesma base de comparação e um Ebitda de R$ 1 bilhão, que representa queda de 28,2%, com uma margem Ebitda de 34%, redução de 22,4 pontos percentuais em relação aos 56,3% do ano anterior.
IRANI
Já para a Irani Celulose, a XP espera um trimestre com números fortes, em decorrência das vendas de papel para embalagens e papelão ondulado, que aumentaram 1,1% na comparação trimestral, com a companhia operando em total capacidade.
No entanto, são esperadas margens mais baixas, uma vez que há uma defasagem entre o preço do papelão reciclado, o principal insumo do mercado, que acumula uma alta de 10% no trimestre, e os preços de venda ao cliente final.
“Portanto, esperamos um quarto trimestre mais forte com preços realizados mais elevados. Além disso, projetamos números estáveis para o segmento de resinas no terceiro trimestre. Mantemos nossa recomendação de compra com foco nos benefícios de longo prazo dos projetos de expansão da empresa”, conclui o relatório.
A divulgação dos resultados da Irani está agendada para o dia 30 de outubro, antes da abertura do mercado, e a XP projeta um lucro líquido de R$ 13 milhões, para a empresa, uma queda de 13% com relação ao mesmo período de 2019. Também é estimada uma receita líquida 3,3% maior, de R$ 247 milhões, e um Ebitda de R$ 58 milhões, superior em 23,6%, com margem de 23,7%, número 3,9 pontos percentuais acima do ano anterior.
SUZANO
A Suzano também irá divulgar seu balanço em 30 de outubro, após o fechamento do mercado, mas a XP ainda não divulgou as prévias da fabricante de papel e celulose.
BOFA MANTÉM RECOMENDAÇÃO DE COMPRA
O Bank of America (BofA) também tem boas projeções para Klabin e Suzano. O banco manteve a recomendação de compra dos papéis das brasileiras, e afirmou, em relatório divulgado na tarde dessa segunda-feira, 19, que os produtos dessas empresas, desde embalagens até celulose, estão tendo um desempenho “mais forte” do que há um ano no terceiro trimestre.
Para os analistas George Staphos e Leonardo Neratika, a Klabin deve registrar outro trimestre forte devido aos dados robustos do setor de embalagens no Brasil, beneficiada pelo real desvalorizado e pelas altas margens da celulose.
Por sua vez, a Suzano também deve reportar um bom trimestre, apesar dos preços pressionados e volumes menores, após um primeiro semestre forte, impulsionado pela estratégia de redução de estoques. A Suzano é a que mais se beneficia com o real desvalorizado entre seus concorrentes latino-americanos.