Personal care: tecnologia para promover cuidado
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As transformações de consumo são diretamente impulsionadas por mudanças comportamentais e sociais. A indústria de personal care acompanha cada um desses movimentos de perto e busca antecipar tendências, desenvolvendo produtos que atendem às demandas da nossa sociedade.
A pandemia da Covid-19 trouxe um novo olhar para saúde e cuidados pessoais, estimulando indiretamente um aumento de consumo de itens desse mercado. Esta é uma tendência que vem ganhando cada vez mais força no país: segundo levantamento da Euromonitor International, a venda desses itens cresceu 4,7% em 2020, registrando R$ 122,4 bilhões em receitas. O Brasil é o quarto maior mercado do segmento no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão.
Hoje, esse setor é muito mais abrangente e completo do que se possa imaginar. Para além de fraldas ou absorventes “comuns”, como os que conhecíamos anos atrás, há uma infinidade de soluções modernas, confortáveis e com forte tecnologia embarcada.
Nesse contexto, um dos itens que vem ganhando espaço mais rápido do que o esperado é o de lenços umedecidos. Apesar de ser um mercado embrionário no Brasil, os números de vendas cresceram dois dígitos nos dois últimos anos, atingindo R$ 37,4 milhões em 2021 – um resultado 13,9% maior do que o registrado em 2020, que já havia aumentado 11,8% sobre 2019, segundo a Euromonitor International. O produto parece ter sido incorporado na rotina do consumidor e, por isso, a previsão para os próximos cinco anos segue bastante animadora, com avanço de 37%, a R$ 51,3 milhões.
Para além da higiene pessoal, o consumidor notou que os lenços umedecidos estavam sempre à mão para uma desinfecção rápida de maçanetas, botões de elevadores, corrimãos, balcões e superfícies compartilhadas. Assim, o produto tornou-se um queridinho dos brasileiros de classe média e média alta na prevenção ao coronavírus. Vale destacar que o item já tem um mercado consolidado nos países da América do Norte e da Europa, onde são comumente usados para substituir a lavagem das superfícies, o que os alinha à tendência de menor consumo de água.
Nessa mudança global de mindset, os cuidados pessoais entraram na agenda pós-pandemia com toda força, mas seu conceito é muito maior do que a estética ou de itens de “luxo” – ainda considerados supérfluos e inalcançáveis para a imensa maioria da população brasileira. Falar de produtos de cuidados pessoais é falar de saúde, de bem-estar, de produtos cotidianos – ou que pelo menos deveriam fazer parte do dia a dia das pessoas.
Aqui, entramos numa discussão muito mais profunda, passando por temas como a pobreza menstrual, que vêm sendo discutidos em todos os países e tornaram-se um sinal de alerta para muitos governos e órgãos de saúde. A carência no acesso aos absorventes menstruais é um problema social e, ao mesmo tempo, um sinal do enorme potencial que esse mercado ainda tem para ser explorado. O Brasil, dentro da sua desigualdade histórica, ainda pode absorver muito mais consumo de itens de higiene, especialmente cuidados femininos, e seguir quebrando tabus sobre o tema.
Outra grande fatia desse universo é o mercado infantil, que tem um peso importante: as fraldas descartáveis em geral são o maior faturamento da categoria de cuidados com o bebê – R$ 7,41 bilhões do total de R$ 11,31 bilhões, de acordo com dados da Nielsen. O estudo mostra que o produto é buscado primeiramente pelo consumidor que vai até lojas físicas e, inclusive, é o terceiro item mais buscado da seção de higiene e beleza. O modelo de fraldas pants, os “shortinhos” para os bebês, são hit desde 2014 e aposta constante das principais fabricantes. Os preços são superiores às fraldas tradicionais e, em muitos momentos, estão na mira do Procon. Para os varejistas, os diferenciais do item somados a grande demanda permitem aplicação de margens mais interessantes. Aqui, o fator social também pesa, já que apesar do excelente desempenho comercial, muitas famílias ainda lutam com a necessidade de fraldas para seus filhos, inclusive em países mais desenvolvidos, como os EUA.
No entanto, o maior potencial do setor são as fraldas para adultos, em virtude do constante crescimento da população idosa e da permanência do aumento populacional – mesmo que em ritmo menos acelerado do que em décadas passadas. Isso representa potenciais consumidores que, na terceira idade, começam a enfrentar desafios de incontinência urinária – o que também passa pela quebra de muitos estigmas. Sem dados públicos de vendas atualizados, o aumento de consumo de fraldas geriátricas é observado com o crescimento das marcas disponíveis e com incremento da tecnologia para absorção. Tendo a discrição como palavra-chave, os itens estão cada vez mais similares a roupas íntimas e prometem trazer conforto total aos usuários.
É fato que, nas últimas décadas, os produtos de cuidados pessoais saíram da lista de supérfluos para itens de primeira necessidade. Como tal, devem se adequar à rotina do consumidor, fornecendo conforto, discrição e liberdade – mas mais do que isso, devem ser acessíveis a todos, enquanto bens essenciais que são.
Diante desse cenário, esperamos que o setor siga ganhando força nas próximas décadas e que acompanhemos o surgimento de novos produtos e novas tecnologias que irão revolucionar a nossa vida, oferecendo a dignidade e a qualidade de vida que todos merecem.