A Suzano está cada vez mais próxima de anunciar a construção da fábrica de celulose de eucalipto em Ribas do Rio Pardo (MS). Muitos investidores esperavam que o investimento fosse oficializado ontem, 24, no Suzano Day, que ocorreu de forma virtual desta vez por causa da pandemia de Covid-19.
No evento, a companhia apenas revelou a dimensão do projeto, sem fornecer detalhes sobre desembolso. A nova unidade terá 2,3 milhões de toneladas de capacidade instalada, o equivalente a cerca de 20% de sua atual capacidade instalada, de acordo com o diretor de celulose industrial, engenharia e energia, Aires Galhardo.
O executivo afirmou que o tamanho da nova linha provém das projeções da companhia para o mercado global de celulose de fibra curta para os próximos anos. De acordo com ele, a distância entre fábrica e floresta da nova unidade (raio médio) será muito competitiva, de apenas 60 quilômetros, e a Suzano já garantiu 85% da madeira necessária para os primeiros anos de atividade.
Com a ascensão dos preços da celulose de fibra curta novamente em abril, a Suzano fica ainda mais perto de submeter o projeto à aprovação do conselho de administração, mas o executivo ressalta que isso acontecerá “quando o balanço permitir”.
Os investimentos da nova fábrica estão estimados em até US$ 3 bilhões, e sua execução demandará 30 meses.
DÉFICIT NO MERCADO
A dimensão da futura fábrica em Ribas, que será a mais competitiva da companhia, provém da projeção de déficit no mercado global de fibra curta para os próximos anos.
A Suzano prevê que a demanda global de celulose de fibra cresça 4,6 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. A migração de outros tipos de fibra para a curta deve acrescentar mais 1 milhão de toneladas, elevando a 5,6 milhões de toneladas o consumo adicional, sobre as 35,8 milhões de toneladas de 2020.
Simultaneamente, os projetos anunciados até o momento – UPM, Bracell e Arauco (Mapa) – adicionarão 3,4 milhões de toneladas à oferta, para 43,2 milhões de toneladas, volume inferior à demanda. Também há a previsão de mais fechamentos de unidades nos próximos anos.
“Olhando para esses números, vemos que o mercado estará apertado em termos de oferta e demanda, que vai exceder a capacidade em mais de 2 milhões de toneladas”, declarou o diretor comercial de Celulose e de Gente e Gestão, Leonardo Grimaldi.
PROJETOS DE MODERNIZAÇÃO
Além desse projeto de expansão, Galhardo ressaltou que Suzano tem hoje um portfólio de 32 projetos de modernização industrial, que possibilitarão diminuir o custo caixa de celulose e trazer maior eficiência às operações, em especial, com redução do consumo de químicos e maior geração de energia renovável. Os investimentos nesses empreendimentos totalizam R$ 2 bilhões até 2024.