“Nosso plano sempre foi ser um grande player regional”, diz ex-acionista da OL Papéis
Segundo Valdecir Bechel, antes de ser adquirida pela Bracell, a companhia planejava continuar crescendo para fortalecer sua atuação regional

Há mais de 15 anos produzindo papel tissue no Brasil, a OL Papéis, com origem em Feira de Santana, na Bahia, em um curto espaço de tempo, cresceu e tornou-se uma indústria de grande porte no mercado brasileiro de tissue e personal care, ocupando a segunda posição em market share de papel higiênico no Nordeste. Atualmente, a região concentra cerca de um quinto do volume do mercado total nacional e as operações da companhia incluem cinco marcas de papel higiênico, outras cinco de papel toalha para cozinha e guardanapos, além de uma para fraldas.
Com três unidades fabris – em Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos (BA) e em Pombos (PE) – todos os ativos da OL Papéis agora pertencem a uma das maiores produtoras mundiais de celulose, com unidades de produção na Bahia e em São Paulo. A Bracell concluiu a compra da fabricante baiana de tissue no primeiro semestre deste ano, marcando sua entrada para o setor e reforçando sua estratégia de expansão no país.
Juntas, as três fábricas recém-adquiridas pela Bracell têm capacidade para produzir cerca de 50 mil toneladas de papel higiênico por ano, sob as marcas Velud, Familiar e Absoluto. As unidades também produzem papel toalha, lenços umedecidos e mais de 30 milhões de fraldas por mês com a marca própria Fofura Baby.

De acordo com Valdecir Bechel, ex-acionista OL Papéis, antes de surgir a oportunidade desse negócio, a companhia pretendia focar no seu desempenho e investir em crescimento. “O nosso plano sempre foi ser um grande player regional. O nordeste tem cerca de 55 milhões de habitantes, é um mercado consumidor muito grande. [Antes da venda] estávamos focados em continuar crescendo na região e replicar o modelo que tínhamos na Bahia para os demais estados, sempre avançando com mais clientes, tanto em tissue, quanto em personal care. E o planejamento, a longo prazo, era nos tornar um grande player nordestino”, afirmou o executivo, durante o Talk Tissue com Felipe Quintino, fundador do Portal Tissue Online e CEO do Nexum Group.
Bechel ainda revelou que a oportunidade de vender a empresa veio em meio a tentativas da OL Papéis em conseguir um investidor que pudesse aportar o recurso da empresa para que ela continuasse investindo. “Chegamos em um momento em que as taxas de juros estavam muito elevadas para novas captações, estávamos bem alavancados, então fomos ao mercado, na verdade, com a intenção de buscar um fundo de private equity, um investidor para o nosso negócio”, revelou. “Não avançamos nessa busca por um investidor, ou seja, um fundo de private ou estratégico e esse movimento nosso, acabou gerando interesse de grandes players do mercado de tissue e personal care em olhar para o nosso negócio. Em razão disso, saímos da linha do fundo de private equity para uma linha de compra com um player estratégico”, completou.
O processo de negociação entre as duas empresas durou mais de um ano até se concretizar em maio de 2023. Para Bechel, que era um dos sócios e atuava como CFO da empresa, foi um período bastante desafiador, que exigiu grandes esforços. “Foi um desafio grande porque tivemos que manter o sigilo, buscar informação e tocar a empresa ao mesmo tempo. Foi um ano de muito trabalho e grande aprendizado também, mas basicamente de muito desafio”, disse.
Em relação ao que considera que tenha sido o grande diferencial para a Bracell realizar a escolha de adquirir a OL Papéis, o ex-acionista acredita que isso pode ser atribuído à localização da companhia. “Nós já tínhamos destaque no cenário regional no nordeste, eu poderia citar outros diferenciais, obviamente, porque a gente tinha uma estrutura, crescemos rápido, mas é uma estrutura enxuta. Creio que o grande diferencial foi mesmo a localização geográfica, a nossa presença regional no nordeste”, destacou.
Bechel ainda revelou que está atuando, juntamente com outro ex-sócio da OL Papéis, na transição do negócio com a Bracell, pois tem um compromisso com ela. Já sobre suas perspectivas de futuro, ele contou que está acompanhando as movimentações dos mercados de tissue e personal care com atenção, observando a forma como estão sendo conduzidos, mas não tem nenhum plano a curto prazo. “Estou atento ao que está acontecendo no mercado”, finalizou.
Confira na íntegra o Talk Tissue com Valdecir Bechel, ex-acionista OL Papéis: