Máscaras de celulose são mais econômicas e potentes para filtrar vírus

Itens começaram a ser entregues pela Prefeitura do Rio de Janeiro. De acordo com pesquisador da Austrália, é possível usar a celulose das árvores para fazer, de forma rápida, um filtro contra vírus que pode funcionar em múltiplas aplicações
Desde a última quinta-feira, 23, quando o uso de máscaras se tornou obrigatório na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura da cidade vem distribuindo, gratuitamente, em pontos estratégicos, o item para ajudar a população a conter a infecção pelo novo coronavírus.
No entanto, desta vez, as máscaras entregues são diferentes das habituais de pano ou TNT: elas são feitas de celulose, material aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que permite o uso por quatro horas seguidas, ou o dobro do modelo descartável mais comum.
O secretário de Ordem Pública e chefe do gabinete de crise, Gutemberg Fonseca, informou que serão distribuídas 1 milhão de unidades, inclusive em comunidades carentes. O custo unitário é de R$ 0,90, contra R$ 1,20 das feitas com TNT.
Além de mais econômicas, as máscaras de celulose podem ter outro benefício: filtrar vírus. De acordo com o professor Thomas Rainey, da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, é possível usar a celulose para fazer, de forma rápida, um filtro contra vírus que pode funcionar em múltiplas aplicações, das máscaras individuais a filtros industriais para sistemas de ar-condicionado.
Esse o filtro é tão poderoso que pode funcionar como proteção antipoluição, capturando até partículas nanométricas presentes na poluição do ar, aponta o pesquisador.
“Nós desenvolvemos e testamos um material de nanocelulose altamente respirável, que pode remover partículas menores que 100 nanômetros, do tamanho de vírus” diz Rainey. “Vejo muitas pessoas usando máscaras que não são testadas quanto a vírus. Testamos esse material minuciosamente e descobrimos que ele é mais eficiente em sua capacidade de remover nanopartículas do tamanho de vírus do que as máscaras de alta qualidade disponíveis comercialmente que testamos e comparamos”, explica.
A equipe também testou o novo material quanto à respirabilidade. “Por respirabilidade, entendemos a pressão ou esforço que o usuário tem que usar para respirar através da máscara. Quanto maior a respirabilidade, maior o conforto e a redução da fadiga”, comenta o professor. “Este é um fator importante para pessoas que precisam usar máscaras por longos períodos ou com problemas respiratórios”, completa.
Os testes mostraram que o filtro à base de celulose é mais respirável do que as máscaras comerciais, incluindo as máscaras cirúrgicas. O material também pode ser usado como um cartucho de filtro descartável para máscaras faciais. “Este material seria relativamente barato de produzir e, portanto, adequado para uso único (descartável)”, conclui o professor.
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