Greves trabalhistas podem levar à falta de papel higiênico na Nova Zelândia
Empresas não conseguiram chegar a um consenso com seus colaboradores sobre novos acordos trabalhistas

Duas grandes empresas estão enfrentando disputas que alertam para uma possível escassez de papel higiênico na Nova Zelândia. A gigante de saúde e higiene Essity e a companhia australiana de embalagens e reciclagem Visy não conseguiram chegar a um consenso com seus colaboradores sobre novos acordos trabalhistas.
O sindicato de trabalhadores Pulp and Paper Union Kawerau reivindica um aumento salarial que compense a inflação. A Essity, por sua vez, ofereceu um reajuste de 3%, dividido em três anos. Após manifestações e quase um mês sem pagamento de salários, a fabricante de tissue impediu os funcionários de entrarem nas fábricas.
Informações da mídia local revelaram que cerca de 145 trabalhadores da fábrica em Kawerau foram bloqueados e demitidos indefinidamente pela Essity, após negociações e manifestações infrutíferas. Embora as greves não sejam incomuns na Nova Zelândia, os bloqueios são raros.
A disputa piorou na última semana, quando a Essity decidiu impedir que os trabalhadores fizessem saques de suas contas de aposentadoria, por dificuldades financeiras. O conflito inclusive teria levado a companhia a adiar uma atualização de US$ 13,35 milhões.
A fábrica é a principal empregadora em Kawerau – uma cidade no interior de Bay of Plenty – e produz cerca de 70% do papel higiênico da Nova Zelândia. Apesar disso, a matriz, baseada na Austrália, é quem toma as decisões sobre os salários, de acordo com informações do jornal O Povo. Por isso, as negociações são difíceis, com o sindicato levando as demandas a representantes locais, que repassam à chefia no outro país, em vez de retornar diretamente.
Redes de supermercados locais dizem que não há preocupação com desabastecimento por enquanto. Apesar disso, alguns varejistas já garantiram compras de papel higiênico para manter estoque adicional nas próximas semanas, caso a situação não se resolva.
De acordo o Scoop Independent News, os membros do sindicato E tū, que trabalham na Visy Board New Zealand em Wiri e na Charta Packaging – ambos de propriedade da empresa Visy – estão exigindo um aumento de pelo menos 10% em seu salário regular em um contrato de um ano. Segundo o jornal, eles também querem que o pagamento de horas extras comece a partir de 40 horas em vez de 50 horas, já que a maioria faz horas extras regulares de até 70 horas por semana.
O protesto, que inclui mais de 100 trabalhadores, é o primeiro realizado dentro da Visy em 25 anos.