
Para o executivo, preservar o bioma pode render ao país US$ 10 bilhões por ano no mercado de crédito de carbono
Em entrevista à Bloomberg, Walter Schalka, presidente da Suzano, a maior produtor mundial de celulose, disse que desmatar a Amazônia não faz sentido no mundo dos negócios. Para ele, a preservação do bioma pode render ao país US$ 10 bilhões por ano no mercado de crédito de carbono.
O discurso de Schalka vai na contramão do presidente Jair Bolsonaro, que defende a abertura da maior floresta tropical do mundo para agricultura e mineração.
“Seria uma oportunidade incrível no mercado de carbono verde se o Brasil reduzisse o desmatamento na Amazônia e queimasse a zero. Não é um empréstimo ou investimento. Seria lucro com as vendas de crédito de carbono”, falou Walter.
Para ele, é fundamental defender a preservação no momento em que a floresta está sendo destruída no ritmo mais acelerado em mais de uma década, em meio a regras e fiscalizações menos rígidas. Em junho, o primeiro mês da estação seca, os incêndios atingiram uma alta em 13 anos, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Apesar disso, para o executivo, aproveitar bilhões no comércio de carbono pode ficar para depois, pois há uma lacuna no sistema deixada pela transição para um protocolo global a ser projetado na conferência climática do próximo ano, em Glasgow. Quando esse novo sistema estiver em funcionamento, os poluidores poderão comprar créditos de empresas e países que removem dióxido de carbono.
Até o momento, nem mesmo a Suzano, que possui 2 milhões de hectares de terras florestais, conseguiu monetizar o CO2 que remove no mercado fragmentado. O presidente disse que procurará fazê-lo quando o sistema global for retomado.
Cerca de 40% das terras da gigante de celulose são florestas nativas e o restante são, principalmente, plantações de eucalipto, que são renovadas e ampliadas por meio do plantio de 450.000 árvores por dia.
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A companhia pretende remover 40 milhões de toneladas líquidas de CO2 da atmosfera até 2030, o que pode gerar cerca de 800 milhões de euros (US$ 900 milhões) para a empresa nos próximos dez anos, com base em referências de preços do Protocolo de Kyoto de 20 euros por tonelada de carbono removido.
“A destruição da floresta é, de longe, a maior fonte de emissões de CO2 do país. Ao eliminar isso, o Brasil poderia assumir um papel diferente, liderando um movimento global em direção a uma economia mais limpa”, encerrou.