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Cuidar, a palavra de ordem para um “normal melhor”

Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil

O ano de 2020 nos deixou muitos ensinamentos, que devemos abraçar e tornar pilares para evoluirmos. É indispensável admitir que não se pode negligenciar urgências descortinadas pelo momento que o planeta atravessa. O respeito com a natureza e cuidado com as pessoas extrapolaram o campo das relações interpessoais e passaram a ser premissas, também, nos negócios.

Como foi bem pontuado no estudo 11 tendências de sustentabilidade empresarial, da consultoria Ideia Sustentável – Sustentabilidade 360°. Um material muito rico, que aborda aspectos que iluminam o caminho rumo à bioeconomia. Vale o debate sobre propósitos, o modo como lidamos uns com os outros, investimento social privado estratégico, negócios como parte da solução dos problemas, valor compartilhado e atenção às mudanças climáticas.

É primordial entender que nessa agenda de uma nova economia, o propósito deve vir antes do lucro. O antigo capitalismo predatório, em que o retorno financeiro está acima de tudo, está ultrapassado. Aliás, quem continuar nesta linha não terá retorno nenhum. A sociedade passa por um período de reinvenção e já dá sinais claros de que as companhias que não se adequarem ao modo mais consciente de agir estão com seu fim decretado.

O crescimento de uma companhia deve gerar valor genuíno para todos os envolvidos: empresa, colaborador e comunidades. E aqui entro em mais dois aspectos fundamentais para trilhar um caminho mais sustentável, igual e justo: a pessoa e o investimento social.

Não há possibilidade de uma companhia prosperar sem que todos à sua volta sigam o mesmo caminho de crescimento e desenvolvimento. As companhias têm um papel fundamental dentro da sociedade e devem tratar humanos como humanos. “Cada vez mais as pessoas vão querer se relacionar com organizações que pensam e agem como indivíduos decentes”, enfatiza o estudo.

Assim, o relacionamento com colaboradores, parceiros, vizinhos e todos que fazem parte da trajetória da empresa precisam ser olhados individualmente. Eles esperam por uma conversa, informação e, até mesmo, o exemplo. A pandemia trouxe uma clareza ímpar sobre o assunto, quando as atitudes das companhias foram essenciais para todo o ecossistema que as cercam.

Esta mesma via de mão dupla, de um relacionamento aberto e de confiança, norteia as conversas acerca da emergência climática que enfrentamos. No início de 2020 a Blackrock, maior gestora financeira do mundo, que já destacava a necessidade de incluir sustentabilidade nos negócios de seus clientes desde 2016, deu um ultimato, apontando que a situação chegou à “beira de uma mudança estrutural nas finanças”.

De acordo com o relatório “Emissions Gap 2020”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, nem mesmo a queda de 7% das emissões de gases do efeito estufa neste ano, devido à diminuição das atividade globais como consequência da pandemia, é suficiente para mexer o ponteiro que indica o aquecimento de temperatura global superior a 3° neste século.

 

A sociedade espera uma nova atitude das companhias. Segundo as 11 tendências de sustentabilidade empresarial, os “negócios precisam ser parte da solução e não do problema”.

Se queremos deixar uma experiência de mundo saudável para as futuras gerações, precisamos de atitudes concretas. O modelo de negócio moderno exige alinhamento a uma nova economia de baixo carbono.

Precisamos mitigar ao máximo a exploração de insumos de origem fóssil e alta emissão de gás carbônico. De ponta a ponta, temos de utilizar matéria-prima renovável, medir impactos e redesenhar a atuação, se necessário, entregar a melhor experiência e reaproveitar resíduos, fechando o ciclo. Aliás, acredito que o lixo hoje chamado de resíduo, nada mais é do que um erro de design. Tudo tem seu valor e, se adequadamente utilizado, pode ser reinserido na cadeia.

Se não for desta maneira, dentro dos conceitos da bioeconomia, que traz benefícios para os consumidores, colaboradores, vizinhos, empresas e natureza, não faz mais sentido. O famoso ESG tem de sair do campo da teoria e descer à terra. Fará bem a todos os elos. E, para isso, não é preciso inventar a roda, é necessário cuidar. Cuidar do ser humano, cuidar do meio ambiente.

Mais do que um “novo normal”, precisamos de um “normal melhor”. Como disse Abraham Lincoln, “a maneira mais confiável de se prever o futuro é criá-lo”. Está em nossas mãos fazer disto uma realidade. O tempo urge.

Fonte
CMPC
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