No trimestre, a despesa financeira líquida da companhia chegou a R$ 1,96 bilhão, ante receita de R$ 269,7 milhões no mesmo intervalo de 2017
A Suzano Papel e Celulose contabilizou prejuízo líquido de R$ 107,6 milhões no terceiro trimestre, revertendo lucro de R$ 800,9 milhões um ano antes, em um intervalo marcado por recorde de produção e resultado operacional e resultado financeiro negativo de quase R$ 2 bilhões, diante do impacto da variação cambial na dívida expressa em moeda estrangeira e na marcação a mercado de operações com derivativos (hedge).
No trimestre, a despesa financeira líquida da companhia chegou a R$ 1,96 bilhão, ante receita de R$ 269,7 milhões no mesmo intervalo de 2017, inflada principalmente pelo resultado negativo, sem efeito de caixa, de R$ 1,37 bilhão em instrumentos de proteção cambial relacionados principalmente à operação com a Fibria.
Do lado operacional, a Suzano teve receita líquida de R$ 4 bilhões no trimestre, alta de 54,4% na comparação anual, e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 2,15 bilhões, com expansão de 85,6%. Pelo critério ajustado, o Ebitda avançou 78,6%, a R$ 2,12 bilhões, o mais alto da história da companhia.
A geração de caixa operacional subiu 98,2% no intervalo, para R$ 1,8 bilhão, também recorde. Vendas superiores de papel e celulose e preços mais altos contribuíram para esse desempenho.
Em setembro, a dívida líquida da Suzano estava em R$ 10,85 bilhões, 9,2% acima do valor registrado no fim do segundo trimestre. A alavancagem financeira, medida pela relação entre endividamento líquido e Ebitda ajustado, em real, ficou em 1,6 vez, frente a 1,7 vez três meses antes.
Produção recorde
A empresa registrou novo recorde de produção no terceiro trimestre, com 1,29 milhão de toneladas de produtos, 12,1% acima do volume produzido um ano antes. A produção é a maior em 94 anos de história da empresa. As vendas, por sua vez, cresceram 8,7%, para 1,24 milhão de toneladas, o maior patamar para terceiros trimestres.
Em celulose, a produção da companhia alcançou 941 mil toneladas no intervalo, alta de 10,5%. Já o volume produzido de papel ficou em 350 mil toneladas, com expansão de 16,5%, já considerando a produção de papel tissue (higiênico).
As vendas de celulose no trimestre somaram 903 mil toneladas, com crescimento de 8,8%, enquanto as vendas de papel avançaram 8,6%, a 336 mil toneladas.
Empréstimo-ponte
A companhia, que está em processo de fusão com a Fibria a partir da incorporação de ativos e da base acionária da companhia, zerou o valor do empréstimo-ponte que havia acertado com um conjunto de instituições financeiras, inicialmente fixado no valor de US$ 6,9 bilhões.
O valor do empréstimo-ponte, com prazo de três anos, foi reduzido para US$ 4,4 bilhões no fim de julho e, no fim de setembro, a Suzano já havia anunciado a redução para US$ 2,2 bilhões no valor da operação, que seria usada para a parcela do pagamento em dinheiro aos acionistas da Fibria.
Em fato relevante, a companhia informou que a redução integral do compromisso foi aprovada, nesta quinta-feira (25), pelo conselho de administração.
“A redução do compromisso financeiro foi possibilitada pela forte geração de caixa da companhia somada à disponibilidade de outras linhas de financiamento com estruturas e custos mais aderentes e condizentes com a gestão de endividamento”, informou.
Entre outras operações alternativas, a Suzano emitiu um bônus de US$ 1 bilhão, com prazo de dez anos.
O fechamento da operação com a Fibria depende ainda da aprovação definitiva do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), cuja superintendência-geral já se posicionou favoravelmente ao negócio sem restrições, e do aval da Comissão Europeia.