Duratex e Suzano Papel e Celulose anunciaram, nesta segunda-feira, o fechamento de operação de R$ 750 milhões de venda de 20 mil hectares de terras e florestas, que se mostra um bom negócio para os dois lados.
Para a Duratex, os recursos da venda permitem redução expressiva de sua alavancagem, pois correspondem a um terço da dívida líquida da companhia, de R$ 2,216 bilhões. Segundo fonte, as florestas asseguram à produtora de celulose e papel matéria-prima necessária a uma futura expansão no Estado de São Paulo ou poderiam ser usadas em unidades já existentes da companhia ou da Fibria, com a qual a Suzano anunciou acordo de combinação de ativos em 16 de março.
Em fevereiro, a Duratex anunciou a venda de quase 30 mil hectares de terras e florestas para a Suzano por cerca de R$ 1,05 bilhão. Na ocasião, 9,5 mil hectares foram vendidos por R$ 308,1 milhões. O cumprimento da segunda etapa da operação foi atrelado ao exercício da opção.
No último dia 28, o Valor PRO publicou que, ao contrário do esperado, a Suzano poderia decidir pelo exercício da opção de compra dos 20 mil hectares de florestas por R$ 750 milhões. Com o reforço do caixa na esteira da alta do dólar, a Suzano tem conforto financeiro para seguir adiante com essa operação ao mesmo tempo em que avança na bilionária compra da Fibria.
A Duratex reconhecerá lucro líquido de R$ 360 milhões decorrentes da venda das terras e florestas. Segundo a companhia, a operação está alinhada à sua estratégia de melhora da rentabilidade das operações e de maximização de valor para os acionistas. Em nota, a Duratex informou também que “mantém terras e florestas suficientes para a continuidade do abastecimento de suas operações sem impacto em custos, mesmo após as recentes vendas de ativos”.
A operação com a Suzano, a joint venture fechada pela Duratex, recentemente, com o grupo austríaco Lenzing para produção de celulose solúvel do tipo viscose, em Minas Gerais, e a venda de instalações e equipamentos de chapas de fibra fina para a concorrente Eucatex permitem à Duratex fechar o ciclo de definição de seus ativos de madeira. A divisão de painéis de madeira é a principal área de negócios da Duratex.
Para a Suzano, o exercício de compra assegura acesso a madeira a preços competitivos e a uma área plantada de eucalipto com os maiores índices de produtividade do país. Na avaliação de uma fonte ouvida pelo Valor, ao mesmo tempo em que a companhia garantiu para si esses recursos, evitou que outros competidores disputassem o ativo.
Um dos possíveis interessados nessa madeira era o grupo Royal Golden Eagle (RGE), dono da indonésia April, que comprou a Lwarcel no fim de maio. A produtora de celulose do grupo Lwart tem um projeto de expansão desenhado e há necessidade de madeira adicional para viabilizá-lo.
Localizadas a menos de 30 quilômetros da fábrica da Lwarcel em Lençóis Paulista (SP), as florestas da Duratex faziam parte das opções consideradas para o abastecimento e contribuiriam para o baixo custo de produção de celulose.
Em nota à imprensa, a Suzano destacou que a compra de ativos “de alta produtividade e alta liquidez” na área central do Estado de São Paulo permite seguir adiante com a estratégia de criar “alternativas para seu desenvolvimento e para aumentar sua competitividade”. No Estado, a companhia tem três de suas sete fábricas: em Limeira, Suzano e Rio Verde. A Fibria, por sua vez, tem uma unidade em Jacareí.
A forte valorização do dólar neste ano fortaleceu a geração de caixa da Suzano, que é uma exportadora relevante. Analistas calculam que, para cada R$ 0,10 de desvalorização contra a moeda americana, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia, incluindo Fibria, aumenta em R$ 600 milhões.