“Se acharmos que ESG vai tirar valor das empresas, tem alguma coisa errada no mundo”, diz Schalka
Em entrevista ao Estadão, o presidente e CEO da Suzano, Walter Schalka, comentou sobre a importância da agenda ESG dentro da companhia
Há uma década à frente da Suzano, Walter Schalka diz que para se manter competitiva, a empresa trabalha para ter “cara de startup”. Em janeiro deste ano, a companhia completou 99 anos de atividade, tendo alcançado a marca de maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo.
O aniversário da companhia ocorreu em meio a resultados positivos colhidos ao longo de 2022, com a alta dos preços da celulose no mercado. Mas a estimativa é de que os preços recuem gradativamente ao longo deste ano, e Schalka afirma que a empresa está preparada para essa mudança. “O importante é a blindagem de custo que temos”, declarou o executivo.
Além do mercado de celulose, a Suzano também está presente no setor de tissue, que tem crescido consideravelmente, desde quatro anos atrás – quando a companhia começou no segmento. Atualmente, a empresa é líder no Norte e Nordeste, além de ter adquirido a operação da Kimberly-Clark, que ocupa a primeira posição em São Paulo.
Além disso, em seu mix de celulose, a companhia ainda produz a celulose fluff, para fraldas e absorventes. “Diziam que a celulose fluff de fibra curta não podia existir no mundo, que era um negócio 100% de fibra longa. Fizemos testes e achamos que dava para fazer. Hoje, o mercado quer migrar para fibra curta e não temos mais capacidade”, ressaltou Schalka.
AGENDA ESG
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o executivo falou sobre os mercados em que a Suzano atua e destacou a importância de uma agenda ESG dentro da companhia.
Para Schalka, a inovação e a sustentabilidade são as principais características que traduzem o DNA da empresa ao longo de seus 99 anos e continuará durante o próximo século. “Muita gente apareceu para falar de ESG recentemente. Isso já era realidade na empresa”, citou o CEO.
Segundo o executivo, é possível que as empresas se mantenham lucrativas e ainda alinhadas aos valores do ESG.
“Se acharmos que ESG vai tirar valor das empresas ou vai deixar elas não serem lucrativas, tem alguma coisa errada no mundo. Temos dois problemas sérios na sociedade global. Um é a crise climática. Somos oito bilhões de pessoas e temos de ter uma agenda colaborativa. O segundo é a desigualdade de oportunidades. Não dá para ter um conjunto de pessoas, cada vez menor, cada vez mais rica e um conjunto de pessoas, cada vez mais amplo, de pobres. Não dá para ter uma sociedade onde mulheres e pretos não têm as mesmas oportunidades que branco cis”, declarou o presidente da Suzano.