Klabin define questão dos royalties hoje
O resultado é praticamente certo e, se tudo correr conforme o esperado, a proposta será aprovada
A incorporação da Sogemar pela Klabin, que culminará no fim do pagamento de royalties por uso da marca deve ser decidida hoje em assembleia geral extraordinária (AGE). Apesar de a operação ainda ter de ser avaliada, o resultado é praticamente certo e somente um evento extraordinário o alteraria. Se tudo correr conforme o esperado, a proposta será aprovada.
Um dia anterior à AGE, o voto pela aprovação já representava a escolha de cerca de metade do capital que participará da decisão, assegurando que a proposta passe pelo crivo dos minoritários e uma conquista importante da direção da companhia. Detentores de 45% do capital total da Klabin, que possuem vínculo direto ou indireto com Sogemar, não votarão na assembleia.
Na terça-feira, 24, à noite, a empresa divulgou o mapa sintético das orientações de voto a distância, indicando que cerca de 34% dos acionistas que podem participar da AGE se mostraram favoráveis aos termos propostos. O número se soma ao compromisso de voto a favor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, sozinho, terá 15% dos votos, considerando a participação de 7,5% da BNDESPar na companhia.
Inicialmente, portanto, a Klabin já tem de metade do capital autorizado o apoio à incorporação da Sogemar, e, consequentemente, das marcas que dão nome à companhia e a produtos de papel cartão e papelão ondulado. Antes da incorporação, uma reorganização societária permitirá a transferência da marca Klabin, atualmente detida por Klabin Irmãos & Cia (KIC), à Sogemar. Tal fatia inevitavelmente será maior, seja pela indicação de outros minoritários de que o voto também seria favorável, ou por potenciais abstenções, garantindo a aprovação.
Apesar de ser importante para a Klabin, essa não foi uma conquista fácil, O pagamento dos royalties era conhecido pelo mercado, porém, a existência dos contratos de licenciamento não era bem assimilada. O encerramento desses pagamentos aos controladores, que também está associado a outros avanços na governança corporativa, acrescenta vários pontos à imagem da empresa.
Há, ainda, benefício econômico. Na última década, a Klabin pagou cerca de R$ 430 milhões em royalties decorrentes dos contratos de licenciamento firmados com Sogemar e KIC. No ano passado, foram R$ 58 milhões, ou 1,3657% do faturamento líquido gerado pelos produtos de papel cartão e embalagens de papelão ondulado identificados com as marcas. Esses valores subiriam daqui para frente, na esteira da compra dos negócios de embalagens de papelão ondulado da International Paper (IP) no Brasil, concretizada neste ano, e do futuro crescimento de capacidade produtiva da companhia.
Nesse cenário, a Klabin deve solucionar hoje uma questão que tomou tempo e energia da direção desde 2018, quando ocorreram as primeiras conversas com as famílias controladoras. A reação contrária inicial da BNDESPar aos termos acordados levou os controladores a se retirarem da mesa de negociação naquele momento.
Depois do acordo entre as famílias e o BNDESPar, que diminuiu em cerca de 25% a quantidade de ações ON que serão emitidas como pagamento pelas marcas (para 69,4 milhões de papéis), estabelecido em outubro, tudo indica que o placar deverá ser ainda mais folgado do que a expectativa inicial.
O voto da BNDESPar na AGE caminha para ser um dos últimos – se não o último – grandes movimentos na posição de maior acionista minoritária da Klabin. O banco de fomento já se movimenta para se desfazer dessas ações, como parte da estratégia de venda de participações maduras, da mesma forma como já fez com Vale e Suzano. Considerando os preços de hoje, essa fatia vale cerca de R$ 2 bilhões.