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Com geração inferior pelo impacto de preços da celulose, remuneração será menor
A meta de fluxo de caixa livre este ano da Suzano Papel e Celulose, estabelecida internamente entre os executivos da companhia, não deverá ser alcançada em função dos baixos preços da celulose praticados atualmente no mercado, segundo informou o presidente da empresa, Walter Schalka.
Segundo explicou, a meta afeta a remuneração dos executivos por ser calculada com base no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa e no fluxo de caixa livre. Com geração inferior pelo impacto de preços da celulose, a remuneração será menor do que no ano passado, quando o cálculo do pagamento não considerava o fluxo de caixa, mas apenas no Ebitda.
Daqui em diante, porém, Schalka afirmou que o fluxo de caixa livre tende a ser maior “trimestre após trimestre”, na medida em que a companhia consiga ter menor montante de investimentos por um lado e maior Ebitda por outro.
O Ebitda somou R$ 615 milhões no terceiro trimestre, alta de 22,3% na comparação anual, e em linha com a expectativa de analistas, de R$ 610 milhões.
Desalavancagem
A desalavancagem é critério fundamental para a estratégia da Suzano e a empresa está satisfeita com a evolução dos resultados, segundo o executivo. “Estamos bastante satisfeitos com a evolução que estamos tendo nos resultados. Pretendemos continuar em busca de competitividade estrutural. Temos novas entradas de investimentos que estamos realizando no ano que vem”, disse
Com o Vale Florestar, o impacto sobre o capex da empresa este ano, que era de R$ 1,75 bilhão, deverá aumentar para R$ 1,8 bilhão, de acordo com o executivo. “O impacto no resultado do quarto trimestre, porém, deve ser pequeno, assim como não foi sentido sobre os resultados do terceiro trimestre”, afirmou Schalka.
Em agosto, a companhia concluiu a aquisição da Vale Florestar Fundo de Investimento em Participação, que é um fundo que detém 45 mil hectares de florestas de eucalipto plantadas em áreas arrendadas no Pará. Os ativos florestais adquiridos pela Suzano serão usados para abastecer de madeira a unidade da companhia no Maranhão. O valor da compra foi de R$ 528,9 milhões.
Preço
Com a retirada de volume de celulose disponíveis para venda no mercado internacional, principalmente na Espanha e nos Estados Unidos, e com a queda “significativa” dos estoques, a Suzano Papel e Celulose conseguirá aumentar os preços da celulose conforme o planejado, disse Walter Schalka.
“O preço da celulose não remunera o capital adequadamente, mas também pelo crescimento sazonal do quarto trimestre, conseguiremos aumentar os preços como desejamos. Teremos preço melhor com dólar melhor, ou seja, um impacto duplamente positivo no quarto trimestre”, afirmou ele, durante teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia.
Segundo ele, a queda do preço em dólar no terceiro trimestre em relação ao segundo foi mitigada pela desvalorização cambial no período, com preços de celulose em real semelhantes ao preço em dólar.
Consolidação
A Suzano preparada para qualquer movimento de consolidação no setor, embora este não seja o foco principal da empresa atualmente, afirmou Schalka. “Vamos ficar desalavancados de forma rápida e a companhia está preparada para qualquer movimento de consolidação futura no setor. Isso não está no nosso radar, não é foco nesse momento, mas gradativamente estamos olhando para buscar redesenho da indústria para gerar retorno aos investidores, principalmente da Suzano”, disse.
O presidente buscou destacar também que, apesar do ritmo dos resultados deixarem a companhia satisfeita, ainda há melhorias a serem realizadas para que o desempenho seja superior ao atual. “Gostaria de deixar claro que o resultado ainda não está de acordo com aquilo que buscamos”, afirmou.
Resultado
A Suzano divulgou nesta quinta-feira um prejuízo de R$ 362 milhões no terceiro trimestre, invertendo lucro líquido de R$ 43 milhões um ano antes, num resultado prejudicado por efeitos da forte depreciação do real frente ao dólar.
O resultado financeiro da companhia ficou negativo em R$ 838 milhões, afetado negativamente em R$ 564,8 milhões no trimestre relativos à variação da taxa de câmbio de 11,3% sobre a exposição do balanço da empresa entre a abertura e o fechamento do trimestre.
A companhia registrou receita líquida total de R$ 1,97 bilhão, alta de 30,2%. As despesas operacionais da companhia subiram 5,3%, a R$ 164 milhões, reflexo do aumento do volume de vendas no período.
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