Os números da fusão recente de duas gigantes da indústria de celulose saltam aos olhos e explicitam o grande destaque que esse produto tem ganhado em meio às exportações brasileiras. A cidade de Três Lagoas (MS) atualmente é o maior centro de produção de papel do mundo, com tecnologia de ponta a nível global. Com viveiros automáticos e eficiência no crescimento das florestas de eucalipto, que são utilizadas para a produção de celulose e papel, o setor é extremamente competitivo no mercado mundial e um exemplo para outras indústrias brasileiras.
Mesmo se comparado a outras exportações florestais (segmentos de papel, celulose, madeira, móveis e ferro-gusa), tradicionais no Brasil, a celulose adquiriu um peso muito grande, tanto em valor quanto em volume, devido ao seu rápido crescimento dos últimos 15 anos.
Fonte: Consufor
Além dos ótimos frutos gerados pela expansão do segmento de celulose propriamente dito, existe também o efeito em cadeia que ocorre pelo interesse cada vez maior de indústrias de papel na instalação de plantas próximas aos locais de produção de celulose, de forma a facilitar a logística. Já há algumas indústrias em construção atualmente na região do Mato Grosso do Sul, com as quais se esperam também o aumento das exportações de papel.
Todo esse fenômeno é impulsionado não só pela alta competência da indústria brasileira em ofertar a celulose para o mercado, mas pela grande demanda mundial pelo produto, capaz de absorver a uma grande produção sem variações tão grandes no preço da commodity.
Os maiores mercados da celulose brasileira são a Europa e a China, que representaram 39,2% e 31,8% do valor exportado em 2017, segundo dados da Sociedade de Investigações Florestais (SIF). Em 2018, a maior demanda dos EUA e América Latina têm impulsionado bastante as vendas, que no primeiro trimestre cresceram 9% em relação a 2017.
Ao observar o gráfico abaixo, pode-se perceber que apesar da flutuação cíclica de preços típica de commodities, o preço da celulose (em dólares/tonelada) segue uma tendência de estabilidade ao longo dos últimos 6 anos, dando uma certa previsibilidade nas receitas das exportadoras.
Isso permite um planejamento por parte dessas empresas, que estão investindo cada vez mais em expansão. Esse processo de crescimento da produção, desenvolvimento de tecnologia e geração de maiores receitas é um grande ciclo virtuoso da indústria brasileira, com perspectivas cada vez melhores para o futuro, dado que haja demanda mundial para o produto.
Além disso, como o processo produtivo da celulose envolve praticamente nenhum produto de importação, o efeito da amplificação dessas exportações é absorvido integralmente como forma de superavit na balança comercial, aumentando o PIB do país significativamente e contribuindo para resultados positivos da economia em outros setores, como o do papel e o de consumo, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul.
Por: Tiago Reis
(*) Tiago Reis é formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Fundador e CEO da Suno Research, consultoria de análise financeira voltada para investidores individuais. Analista de Investimentos com certificação da CNPI (Certificação Nacional dos Profissionais de Investimento), Tiago iniciou sua carreira na Set Investimentos e é especialista em assuntos como mercado financeiro, bolsa de valores, investimentos, fraudes corporativas e finanças corporativa.