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Transição verde

Por Mauricio Harger, diretor geral da CMPC no Brasil

Se até alguns meses atrás a emissão de CO2 era o grande assunto discutido e desafio a ser enfrentado pelo homem, a Covid-19 descortinou mais um sério problema que a humanidade tem na relação com a natureza. Assim como o coronavírus, de acordo com a ONU, cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas de animais para seres humanos. Temos a urgência de salvar vidas, tratar dos enfermos, manter os empregos, mas não podemos fechar os olhos para como estamos tratando o planeta.

Ser sustentável é agir hoje com o olhar no futuro. Assim, precisamos refletir. Refletir sobre as nossas relações com a natureza, sobre uma nova maneira de fazer negócios e, mais, sobre um novo jeito de consumir.

Há uma convergência para processos e produtos que geram o menor impacto possível. Atualmente, é viável encontrar novos produtos feitos com matéria-prima sustentável, como garrafas de bebidas e até camas. O setor de celulose vem investindo em pesquisas, desenvolvimento e melhoria de processos para transformar nossa matéria-prima renovável em alternativas mais sustentáveis para o dia a dia das pessoas como essas que citei.

Somos uma das poucas empresas do Brasil carbono neutra: em vez de emitir, sequestramos emissões de CO2 da atmosfera. Para quem não sabe, o CO2 é um dos principais gases que provoca a intensificação do efeito estufa e contribui para o aquecimento global. Para nós, a sustentabilidade não é um adjetivo ou uma prática que, de vez em quando, escolhemos fazer. Dependemos da natureza para que o nosso ciclo produtivo se perpetue. Por isso, esse cuidado com os recursos naturais está presente em todo o processo produtivo da empresa. Desde a floresta, manejada com toda responsabilidade, certificada pela principal instituição do mundo, Forest Stewardship Council (FSC), até o processo fabril.

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Não faz mais sentido seguir com o tradicional modelo econômico, baseado no tripé “extrair, transformar e descartar”. Isso está muito distante da nossa empresa, pois acreditamos na economia circular, que consiste em fazer o melhor uso de tudo o que é consumido, aproveitando resíduos e materiais descartados e transformando-os em novos produtos. Citando um exemplo prático: na CMPC, do total de resíduos sólidos gerados a partir da produção de celulose, 99,7% são reutilizados e transformados em mais de 15 novos produtos entre adubos, fertilizantes e corretivos de solo. Hoje, quase 100% da manutenção de praças e jardins do Rio Grande do Sul são oriundas dos resíduos da CMPC. Por isso eu afirmo que o lixo é um erro de design.

E onde tudo isso deságua? Em um momento em que o produto por si só não satisfaz mais a nova geração, que quer saber a origem daquilo que adquire, exige rastreabilidade, quer cuidado no processo produtivo.

Inclusive, neste momento de pandemia, a indústria de celulose, um setor nato desta nova economia, segue protocolos rígidos de prevenção e cuidados, e trabalha para que não faltem itens básicos aos brasileiros. A matéria-prima é base para embalagens de alimentos e medicamentos, por exemplo. Isto sem falar na higiene pessoal, por meio de lenços, papel toalha e papel higiênico.

E tudo isto faz parte de um grande ciclo. As árvores são plantadas e replantadas no mesmo local, investimentos em pesquisa e tecnologia realizados, produtividade aumentando e, como consequência, produtos de origem ambientalmente correta.

O momento é de profundo cuidado com os brasileiros. Salvar vidas, zelar pelos enfermos, manter os empregos e tirar energia para retomar a economia nacional. Essas são as prioridades, mas se há alguns meses eram comuns debates sobre a transversalidade do tema sustentabilidade na agenda nacional, não é agora que vamos fechar os olhos. Como disse a chanceler alemã, Ângela Merkel, “é preciso investir em uma transição verde”.

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