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A direção da Suzano já vem alertando, há alguns trimestres, para a tendência de aumento no custo caixa de produção na esteira do maior volume de compra de madeira de terceiros e maior distância dessa matéria-prima em relação à fábrica.
Em relatório que acompanha o balanço trimestral, a Suzano informa que esse resultado reflete o impacto do maior custo com madeira, devido à maior distância média no mix de abastecimento; incremento no custo fixo, devido ao início de operação da nova fábrica de celulose, no Maranhão; e, por outro lado, menor custo com insumos, em função da geração de energia excedente.
No primeiro trimestre, a Suzano realizou parada programada para manutenção na linha 2 de Mucuri (BA) e o custo caixa com parada foi de R$ 674 por tonelada, frente a R$ 662 por tonelada um ano antes. No segundo trimestre, a companhia vai realizar a parada na unidade Suzano. No terceiro trimestre, será a vez da linha 1 de Mucuri e da unidade Maranhão. No último trimestre do ano, a parada ocorrerá na unidade Limeira.
Volume
O volume total de vendas de papel e celulose da Suzano no primeiro trimestre ficou em 754 mil toneladas, uma alta de 6,1% na comparação com igual intervalo de 2013, porém com queda de 17,6% em relação ao quarto trimestre.
O maior volume de vendas e o incremento de 12,4% no preço líquido médio em reais de papel e celulose, na esteira da desvalorização da moeda brasileira, explicam a expansão de 19,2% da receita líquida trimestral da companhia na comparação anual.
No negócio de celulose, a receita líquida da Suzano avançou 20% nos três primeiros meses do ano, frente ao registrado no mesmo intervalo de 2013, para R$ 668 milhões, beneficiada pelo aumento do preço da celulose em real (+13,9%, para R$ 1.435,50 por tonelada) e pelo maior volume de vendas — alta de 5,4%, para 465 mil toneladas.
Frente ao quarto trimestre, contudo, houve queda de 13,1% no volume vendido de celulose, em razão da “sazonalidade”, informou a empresa.
“Os principais destinos das vendas da companhia foram Europa (35,4%), Ásia (28,3%) e Brasil (23,4%)”, disse a Suzano, em relatório que acompanha o balanço financeiro.
No negócio de papel, as vendas da Suzano, de janeiro a março, alcançaram 288,9 mil toneladas, alta de 7,2% na comparação anual e queda de 23,9% frente ao quarto trimestre. “América do Sul (incluindo Brasil) e América Central, regiões foco da Suzano, absorveram 83,2% das vendas da companhia no trimestre”.
A receita líquida com a venda do produto, no trimestre, somou R$ 732 milhões, alta de 18,5% na comparação anual. Frente ao quatro trimestre, houve queda de 19,8%, na esteira do menor volume comercializado.
Maranhão
O presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, disse em teleconferência com analistas nesta segunda-feira, que o início de operação da nova fábrica de celulose, no Maranhão, incluindo o desenvolvimento da chamada “curva de aprendizagem”, está transcorrendo dentro do esperado.
A unidade entrou em operação em 30 de dezembro e pode produzir até 1,5 milhão de toneladas por ano.
“Os volumes são crescentes mês a mês, dentro da expetativa do projeto”, disse o executivo. “Ainda temos ajustes logísticos no Maranhão, que estão evoluindo. Mas os volumes de venda serão crescentes”.
Segundo o diretor de operações da Suzano, Ernesto Pousada, a fábrica deverá produzir entre 1 milhão e 1,1 milhão de toneladas de celulose de eucalipto neste ano, conforme anunciado anteriormente. A unidade deve atingir o ritmo de 100% da capacidade nominal instalada no terceiro trimestre, acrescentou.
De janeiro a março, os investimentos da Suzano totalizaram R$ 686,2 milhões, com queda de 8,8% na comparação anual e de 9,5% frente ao quarto trimestre — a redução se deve ao avanço da fábrica do Maranhão, já em operação, com desembolso de grande parte do “capex” remanescente nos três primeiros meses de 2014.
Do total investido, R$ 194,6 milhões foram aplicados em manutenção, R$ 484,2 milhões em expansão e modernização e R$ 7,4 milhões em “outros”.
2014
A direção da empresa reiterou que os investimentos totais da companhia em 2014 devem totalizar R$ 1,75 bilhão. Desse montante, disse Schalka, R$ 1 bilhão será investido em manutenção e a diferença, em expansão e modernização da operação.
Em termos de custos, Schalka destacou que a Suzano permanece com foco na redução de gastos e despesas. “Continuaremos tendo impacto da madeira em Mucuri especificamente. Em contrapartida, à medida que Maranhão cresce em volume, onde o custo caixa estruturalmente é melhor que a média da organização, esse valor será positivamente afetado”, afirmou.
O presidente lembrou que, com o avanço da operação no Maranhão, a companhia passa a exportar mais energia, o que poderá resultar no equilíbrio da quantidade de energia comprada pela Suzano e vendida a partir da unidade f abril maranhense.
Valor Econômico