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Suzano busca agilidade de startup após compra de Fibria

O ano de 2017 foi memorável para a Suzano Papel e Celulose, assim como 2018 caminha para ser um marco na história do grupo presente há mais de 90 anos nesse setor.

Campeã entre as campeãs setoriais do anuário Valor 1000, a companhia se prepara para assumir a liderança isolada no mercado mundial de celulose mediante a consolidação da rival Fibria, em uma tacada que inverteu a ordem dos fatores esperada por investidores e analistas. Juntas, Suzano e Fibria valem cerca de R$ 93 bilhões, entre os dez maiores valores de mercado da B3, e darão origem à maior empresa do agronegócio brasileiro.

Mas a preparação para esse movimento, talvez o mais ousado de um grupo marcado pelo pioneirismo, começou anos antes e culminou em resultados operacionais recorde em 2017, o que conferiu para a empresa musculatura suficiente para lançar a oferta de compra da maior produtora global de celulose de eucalipto – negócio que ainda depende do aval de algumas autoridades de concorrência.

“Foi um ano muito positivo, também beneficiado pelo momento especial dos preços da celulose e, agora, pelo câmbio”, diz o presidente da Suzano, Walter Schalka, que insiste em atribuir o mérito do bom desempenho também ao time de funcionários.

Ainda assim, é preciso reconhecer que a chegada de Schalka, no início de 2013, representou um ponto de virada. Anteriormente à frente da Votorantim Cimentos, o executivo revisou o plano de expansão acelerada da Suzano em celulose e de entrada no mercado de pellets de madeira, para geração de energia renovável. Em vez disso, a nova direção abriu outras vias de crescimento sustentado dos negócios, a partir da confecção de um novo planejamento estratégico, priorizando competitividade estrutural, exploração de negócios adjacentes à celulose e ao papel e redesenho da indústria.

A operação com a Fibria e a chegada ao segmento de papel tissue (higiênico) são alguns dos desdobramentos dessa estratégia.

Internamente, o fortalecimento do balanço e a melhoria da governança corporativa pavimentaram o caminho para a Suzano. Sob o aspecto financeiro, a companhia gerou pouco mais de R$ 3,5 bilhões de caixa operacional em 2017, 28% mais que no ano anterior. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 18%, a R$ 4,6 bilhões. O aumento desse resultado levou a alavancagem financeira a cair a apenas 2,1 vezes, o que garantiu a conquista de nota grau de investimento com as agências de classificação de risco Fitch Ratings e S&P Global Ratings.

Produção e vendas de celulose, de cerca de 3,6 milhões de toneladas, foram recorde em 2017, e o custo caixa de produção da matéria-prima, importante fator de rentabilidade, ficou em R$ 599 por tonelada, o menor em termos nominais desde 2014. A meta, que poderá ser mais ambiciosa após combinação com a Fibria, é chegar a R$ 475 por tonelada entre 2021 e 2022.

Externamente, as condições também foram bastante favoráveis. Os preços da celulose de fibra curta, em que se encaixa o eucalipto, foram reajustados praticamente todos os meses em um ambiente mundial de desequilíbrio entre oferta e demanda. A China, o motor global da expansão do consumo de celulose, segue compradora e não há sinais de mudança nessa posição. Até 2020, avaliam analistas, a tendência é de manutenção de mercado e cotações internacionais saudáveis, o que contribuirá para a rápida redução da dívida após a consolidação da Fibria.

Com 37 mil funcionários entre diretos e indiretos e 1,2 milhão de hectares de base florestal total, a Suzano deve produzir 5,1 milhões de toneladas de celulose (3,6 milhões) e papel (1,5 milhão) este ano.

O próximo passo de transformação, segundo executivo, é fazer com que a empresa funcione na velocidade de uma startup. “Uma organização pode grande, mas tem de ser ágil. A própria Suzano passou por uma evolução enorme, mas ainda está longe do que eu gostaria”, afirma.

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