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Confira a entrevista na íntegra:
Veja a entrevista com a senadora eleita Simone Tebet que atua no Congresso em 2015
A vice-governadora eleita senadora de Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, concedeu uma entrevista exclusiva revelando seus projetos e como pretende atuar em favor das mulheres do estado. Mãe de duas filhas, casada com o deputado estadual, Eduardo Rocha (PMDB), a peemedebista afirma que sua maior motivação é retribuir, em Brasília, tudo o que o estado lhe proporcionou com muito trabalho e dedicação.
A nova senadora de MS foi eleita no dia 5 de outubro com mais de 440 mil votos, o que representou mais de 52% dos votos válidos, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Qual é o seu plano de trabalho para ser eleita senadora de MS?
Simone Tebet – Eu sempre aprendi na minha vida pública principalmente com o meu pai o ex-senador Ramez Tebet que o homem público não tem projetos pessoais. Não pode fazer aquilo que ele quer e que pensa, mas o que precisa ser feito e o que a população quer. Temos que ouvir as ruas e o que as ruas estão dizendo para nós é que as prioridades são: melhoria da saúde; mais investimentos em segurança pública; educação de qualidade, e eu como professora, defendo a escola em tempo integral, mais emendas para construir creches; e industrialização.
O grande foco do estado: quanto mais indústrias trouxermos, alavanca o comércio, gera emprego, aumenta a renda e o salário do trabalhador. Então, não podemos fugir em uma análise mais rápida, dessas bandeiras e de outras que a população quer e precisa.
Pouca gente sabe do papel de um senador que além de fiscalizar as contas, gastos do governo federal, ele tem o papel decisivo em fazer leis importantes que refletem na vida dos 202 milhões de brasileiros. E, também de buscar recursos e emendas para fazer mais hospitais, colocar mais equipamentos de diagnóstico e imagem que a população quer, até projetos voltados a diminuição de impostos da carga tributária, já que somos os maiores pagadores de impostos do mundo.
Em se tratando de desenvolvimento, como a senhora pretende implantar em MS, novas formas de gerar emprego e renda?
Simone Tebet – Quando cheguei na prefeitura de Três Lagoas fui descobrir na industrialização a solução dos problemas. A cada dez indústrias que procurei no Brasil inteiro, nove fechavam a porta e não queriam saber de Mato Grosso do Sul e Três Lagoas. Mas, uma [indústria] nos dava a oportunidade e trazia para a cidade.
Como vice-governadora, ajudei muito o governador, André Puccinelli, na industrialização do estado. Em algumas usinas de álcool, essa fábrica de celulose que será implantada em Ribas do Rio Pardo, será a maior do mundo, e começa a funcionar no ano que vem, fomos nós que ajudamos a trazer.
Como senadora vou buscar de forma mais fácil, efetiva e contundente, levando a boa imagem de MS para o Brasil. Vou conversar com empresários, em São Paulo e nos grandes centros, sobre as potencialidades.
O estado de MS é tão rico com potencial tão grande de crescimento e desenvolvimento e, tem tanto a oferecer para quem vem de fora, e é maior que a maioria absoluta dos países da Europa. Esse tamanho, aliado ao clima tropical, e a localização estratégica dele, permite que tenha uma diversidade econômica muito boa.
Há riquezas diferentes no mesmo estado. Existe a condição de desenvolver a indústria do turismo em Pantanal e Bonito, a indústria que mais gera emprego e menos polui. Tem condições de explorar por meio de florestas a região Norte. Além das áreas férteis, os locais menos férteis pode-se plantar eucalipto, fazer fábrica de MDF, madeira, e celulose.
No Conesul, pode ser investido junto ao Vale do Ivinhema, na região de Dourados, o plantio e industrialização da cana, usina, no setor sucroalcooleiro.
Na Costa Leste, de onde venho, em Aparecida do Taboado, pela proximidade com São Paulo, pode-se levar qualquer indústria para o município. Cassilândia no setor da borracha.
A região central como Campo Grande, por ser Capital, possui o Aeroporto e a Alfândega que recebe as cargas, dá condições para trazer qualquer indústria para a cidade. Isso tudo, será possível se a Reforma Tributária for realizada sem derrubar os incentivos fiscais.
Essa é uma luta que nós vamos travar em Brasília, porque eu sei o quão importante é gerar emprego e aumentar o salário do trabalhador. Fui recentemente em uma fábrica em Campo Grande, e perguntei as meninas, qual era o salário da confecção? Elas falaram que é um salário mínimo. Mas, perguntei: é um salário industrial? Responderam: não ganhamos um salário mínimo R$ 700, R$ 750, um pouquinho mais.
Quando enche um estado, uma cidade de indústria, a empresa é obrigada a pagar melhor porque não tem gente para trabalhar. Precisa qualificar esse trabalhador. Indústria sem curso profissionalizante, não existe. Trabalhador satisfeito sem curso profissionalizante, não existe.
Eu sou professora, vou trabalhar essa questão da qualificação da mão de obra porque sei que o trabalhador sai de R$ 700 a R$ 750, para R$ 1,2 mil, R$ 1,4 mil, a média salarial de Três Lagoas. Já as fábricas de celulose pagam R$ 2,4 mil. É isso que quero, três vezes mais do que ganha um trabalhador comum se atuar na indústria.
Como a senhora pretende trabalhar a política para mulheres?
Simone Tebet – Como vice-governadora, assumi por um curto espaço de tempo a Secretaria de Governo e dentro dela tem a Subsecretaria da Mulher. Fizemos algumas gestões com os governos do estado e federal em alguns projetos e tivemos a participação de mulheres muito boas dentro de MS.
Conseguimos levar 12 Centros de Atendimento à Mulher para as 12 maiores cidades do estado. A mulher vítima de violência passa por assistente social, psicólogo, alojamento em que pode dormir, enquanto a justiça não faz a sua parte. Quero estender para todo o interior, em Brasília, ajudarei financeiramente para que isso aconteça para que [a mulher] fique mais segura.
A mulher vai à delegacia e denuncia e ela não tem onde ficar enquanto a justiça não determina a medida preventiva. Esse local é para isso. Quero estender para todo o estado, mas sei que os municípios não tem dinheiro para implantar a estrutura, precisamos dos recursos federais.
Além disso, a delegacia da mulher, 24 horas, conseguimos junto ao governo federal, trabalhamos muito como vice também na Subsecretaria da Mulher, para construir como a presidente [DilmaRoussef] incentivou a Casa da Mulher Brasileira que está começando. O terreno é da União.
A Casa da Mulher Brasileira é fantástica. A mulher terá tudo. Brinquedoteca para as crianças, atendimento psicológico, assistente social, Ministério Público, Juizado de Pequenas Causas, o atendimento será completo, inclusive da delegacia da mulher para resguardar os seus direitos.
Mais do que diminuir a violência contra a mulher porque esse fato é cultural e temos de acabar. É um processo educacional, passa pela escola e dentro de casa, porque em um processo de educar, nós temos os filhos e somos mães para assegurar à eles que homens e mulheres são iguais e merecem um tratamento digno.
Temos lutas sérias a serem travadas. A cada 4 mulheres no Brasil, uma sofreu, sofre ou sofrerá qualquer tipo de violência na sua vida, nós na mesma condição, posição e profissão, chegamos a ganhar 30% menos. Não só em cargos pequenos, mas também os de nível superior com gente formada com qualificação, isso tem que acabar.
Essas diferenças, discriminação passa por uma ação multidisciplinar: é uma questão educacional e cultural sendo combatida e temos condições previstas em lei e incentivos que se pode resolver. É uma ação repressiva e preventiva nas escolas. De assistência: dando auxílio às mulheres vitimadas ou que sofrem qualquer tipo de discriminação e repressiva no que se refere ao poder judiciário e à Secretaria de Segurança Pública.
Vamos estar em Brasília levantando essa bandeira. Somos poucas na vida pública e passa a meu ver também mais mulheres nos cargos eletivos. Somos a maioria do eleitorado brasileiro, mas nos cargos eletivos, ou seja, que tem direito a voto, nós não chegamos a 12%, 13%.
No MS, são oito deputados federais, três senadores, total 11. Não tem nenhuma mulher.
A senhora acredita que mulher deve votar em candidatas do mesmo sexo?
Simone Tebet – A mulher tem que votar em mulher competente. Mulher que queira trabalhar e que tenha bons projetos, boa plataforma e que tenha algo para mostrar e enfatizar o que fará. Não é toda mulher. Gostaria de ver mais mulheres na vida pública. Não precisa nem ser 50%. Acho que temos um papel decisivo na sociedade, dentro de casa também como mãe, esposa, filhas, avós, somos maioria em sala de aula como professoras, 90% dos professores são mulheres.
Não precisa ter 50% de mulheres na vida pública. No cargo eletivo. Mas, se tivermos 30%, do que a Lei das Cotas, a chamada Lei do Batom determina, 70% de homens e 30% de mulheres no Congresso Nacional, nas Câmaras de Vereadores, nas prefeituras acho que estamos em condições de fazer a diferença.
A sua principal motivação foi alcançar o cargo que o sei pai, o ex-senador Ramez Tebet, ocupou anteriormente?
Simone Tebet – A principal motivação é servir, é trabalhar. Sou muito religiosa. Sou cristã e recebi muito na minha vida. Tenho duas filhas maravilhosas, saúde e tive uma oportunidade que a maioria da população não teve que é de estudar. Sou formada em direito, sou professora universitária, fiz duas pós-graduações e tive a oportunidade de fazer mestrado, só não terminei o doutorado porque entrei na política. Estava fazendo o doutorado e parei.
Quem tem a oportunidade de estudar como eu, uma família harmoniosa e com saúde, tem que devolver de alguma forma. Quero devolver tudo aquilo que Deus me deu através do trabalho. E nenhum outro trabalho tem o alcance tão grande e chega a tantas pessoas, fazendo tanto bem, quando bem feito como a política.
A política é a arte de administrar e transformar sonhos. A minha motivação maior é querer retribuir tudo o que eu tive com muito trabalho. Agora tenho sem dúvida nenhuma duas grandes responsabilidades na minha vida pública: honrar a memória do meu pai e as mulheres porque somos muito poucas. O meu erro na política, reflete diretamente nas mulheres sul-mato-grossenses, então, não tenho o direito de errar.
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