Setor vive ciclo de expansão e atrai interesse de novas multinacionais

O consumo em ascensão também impulsionou investimentos das empresas já presentes no mercado, segundo Neves. Pelo menos 12 novas máquinas, quatro delas com capacidade instalada de 60 mil toneladas anuais, bastante superior à média das que estão em operação no Brasil – entre 20 mil e 25 mil toneladas -, foram anunciadas até 2015. Juntas, elas totalizam desembolso de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.
“A expectativa é a de que essa taxa de 5,9% ao ano se mantenha até o fim da década, a depender de fatores macroeconômicos”, disse Neves. Essa taxa aponta para a necessidade de um nova máquina de grande porte a cada ano, conforme o executivo. Melhora da renda, mobilidade social e novos nichos de mercado, sobretudo no segmento institucional (hotéis e hospitais), têm sustentado a demanda crescente por tissue, que engloba papel higiênico, guardanapo, lenços, papel toalha, entre outros.
No ano passado , o consumo brasileiro desse tipo de papel alcançou 1,02 milhão de toneladas. Por habitante, contudo, está limitado a 5,3 quilos ao ano, seis ou sete vezes menor do que o consumo per capita anual nos Estados Unidos. Na região Nordeste, esse indicador é ainda mais baixo: 3,5 quilos por habitante/ano, em linha com o consumo per capita de países como Paraguai e Equador.
“Há muito potencial de crescimento. Os produtos de maior qualidade tem avançado no mercado e novos nichos dão contribuição importante para os negócios com tissue”, ressaltou Neves. Mudanças nos padrões de higiene da sociedade também influenciam o desempenho desse mercado. Reflexo disso é a procura cada vez maior pelo chamado papel folha dupla. Entre 2009 e 2012, segundo a Pöyry, as vendas nas linhas “premium” mostraram crescimento de 17% ano ano, frente a alta anual de 1% do papel higiênico folha simples – e produtos folha tripla já começam a ser ofertados no país.
O crescimento do consumo de tissue traz boas perspectivas também para os produtores de celulose de eucalipto, uma especialidade das companhias brasileiras, cujas vendas avançam na esteira desse movimento da indústria papeleira. A Fibria, maior produtora global da matéria-prima, por exemplo, é uma das principais fornecedoras dos grandes produtores de tissue no mundo.
Além disso, conforme a consultoria, há cada vez mais espaço para a chamada fibra virgem no processo de papel tissue, em razão dos custos crescentes das aparas que também são usadas como matéria-prima e dos padrões de qualidade cada vez mais elevados exigidos pelo mercado.
Fonte: clubedaembalagem 17/10/2013