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Segmento tissue segue aquecido e amplia participação na produção total de papéis no País

Incrementos tecnológicos estão por trás da recente melhoria de qualidade dos produtos e são indispensáveis para fortalecer a competitividade dos fabricantes

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Produtos de baixa gramatura, macios, flexíveis e absorventes, conhecidos como papéis para fins sanitários ou tissue, vêm ganhando cada vez mais espaço na rotina dos brasileiros. Sua participação na produção total de papéis no País passou de 8,3% em 2000 para 11,8% em 2014, segundo dados apresentados por Pedro Vilas Boas, diretor da Anguti Estatística. “Historicamente, a produção desses papéis é a que mais cresce no Brasil, entre todas as demais categorias”, comenta ele, lembrando que, desde 2000, o volume produzido mais que dobrou, totalizando 1,24 milhão de toneladas no ano passado e ficando atrás apenas da produção de papéis para embalagens corrugadas e de imprimir/escrever.

O crescimento reflete um fenômeno mundial, observado principalmente nos países em desenvolvimento. De acordo com a consultoria finlandesa Pöyry, a produção nacional de papéis tissue deve seguir aquecida, crescendo a taxas anuais de 4% até 2020, superando os 3% registrados entre 2004 e 2014. O aumento da demanda se explica pela melhoria nas condições de higiene e saúde globais e pelo crescente número de pessoas saindo da condição de pobreza absoluta, o qual deve continuar evoluindo em todo o mundo e, em particular, na América Latina.

Ainda de acordo com informações da Pöyry, o perfil dos papéis sanitários consumidos no Brasil vem mudando ao longo dos anos, com queda nas vendas dos produtos de folha simples e aumento da demanda pelos de folha dupla. “Trata-se de uma tendência mundial que vem se acentuando no País devido à mobilidade social”, pontua Manoel Neves, gerente de Estudos Econômicos da consultoria. Para comparação, ele destaca que, em 2007, os papéis de folha dupla correspondiam a apenas 15% do total. Entre 2009 e 2012, a linha premium cresceu a uma taxa média anual de 17%, enquanto para a linha de folha simples registrou-se incremento de apenas 1% ao ano no período considerado.

Nestor de Castro Neto
Nestor de Castro Neto

Seguindo o enfoque nas características que determinam as tendências do mercado brasileiro, Nestor de Castro Neto, executivo com ampla experiência no segmento, cita que atualmente os papéis de folha dupla já representam 30% do consumo total no País. “Os produtores estão investindo cada vez mais em papéis de melhor qualidade. Os de folha tripla já começam a aparecer no mercado”, contextualiza, reforçando que o Brasil está traçando um caminho de qualidade crescente. “Já há produtores nacionais buscando diferenciação em seus produtos. Certamente, logo veremos essas inovações chegando e se fortalecendo. ” Outro aspecto a embasar as boas perspectivas para o segmento diz respeito ao consumo per capita no País, ainda baixo em comparação a países mais desenvolvidos (cerca de um terço do consumo dos Estados Unidos). Vilas Boas ressalta que há algumas grandes máquinas projetadas para entrar em operação nos próximos dois anos no Brasil. Ele porém, pondera: “A tendência é de menor crescimento na oferta, restando saber qual será o comportamento do consumo diante do atual quadro recessivo da economia nacional”, frisando que as exportações e as importações dos produtos, por serem marginais, não colaboram com o equilíbrio do mercado interno.

Em um cenário econômico que exige cautela até mesmo de segmentos com excelentes perspectivas de crescimento, como o de tissue, o fortalecimento da competitividade é bem-vindo. Ao falar sobre o tema, Castro Neto esclarece que, além dos aspectos técnicos, há questões de mercado envolvidas na competitividade do setor. “É fato que os consumidores vêm exigindo cada vez mais qualidade, motivo pelo qual notamos dificuldade de crescimento para os papéis de baixa qualidade, os quais, porém, ainda têm espaço na categoria away from home, ou seja, aquela consumida fora de casa, incluindo redes de fast food, postos de gasolina e locais de eventos diversos. Isso mostra que a qualidade do produto está muito atrelada à estratégia do fabricante e, consequentemente, à competitividade de sua fábrica”, avalia o executivo. “Se a estratégia é oferecer alta qualidade, o fabricante precisa dispor de equipamentos de ponta para produzir tais produtos; caso a escolha seja atender a nichos que não requerem qualidade diferenciada, é possível operar de outra maneira”, completa ele.

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