
Perspectiva de menor oferta global de celulose deve sustentar a recuperação das cotações no curto prazo
Aliada ao “estrago” que os baixos preços provocaram nas margens da maior parte dos produtores, a perspectiva de menor oferta global de celulose deve sustentar a recuperação das cotações no curto prazo. No último ano, a desvalorização da fibra reduziu praticamente à metade o resultado operacional dos grandes produtores americanos, ao passo que os europeus tiveram um recuo de quase 70%.
A espanhola Ence, por exemplo, teve o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do negócio de celulose encolhido de 226 milhões de euros para 19 milhões de euros em 12 meses até junho. Na mesma comparação, na América do Sul, o Ebitda da divisão de celulose da Arauco recuou de US$ 1,13 bilhão para US$ 392 milhões. Já na Europa, além do preço baixo, o câmbio segue jogando contra a rentabilidade do setor.
Os custos de produção maiores do que os preços de mercado em um número significativo de fábricas levam a crer que alguns produtores estendam paradas para manutenção, que com a pandemia, foram concentradas no segundo semestre – considerando-se apenas os eventos programados, quase 1 milhão de toneladas de celulose deixará de ser produzida até o fim de 2020, sem considerar potenciais paradas inesperadas.
Dados divulgados nesta semana pelo Pulp and Paper Products Council (PPPC), que reúne informações de dezenas de produtores em todo o mundo, endossam o ambiente mais positivo para a celulose, ao mostrar que os estoques de fibra curta estão bem abaixo do que o inicialmente estimado.
DE acordo com o PPPC, houve queda de um dia nos estoques de fibra curta em junho contra maio, para 41 dias, bem abaixo dos 49 dias do levantamento preliminar. Na comparação anual, a redução foi de 31 dias. Ao mesmo tempo, os embarques desse tipo de celulose subiram 1,8% em junho na comparação anual, para 2,37 milhões de toneladas, 650 mil toneladas acima do dado preliminar.
Esse cenário foi o visto no segundo trimestre em produtores cujos custos estão entre os mais competitivos do mundo, como a Suzano: embarques elevados e, mesmo com a produção mais forte com a postergação de paradas em fábricas, houve queda nos estoques. Em teleconferência de resultados na semana passada, o diretor comercial de celulose da Suzano, Carlos Aníbal, disse que os estoques da companhia estavam em níveis mínimos e a estratégia comercial, de produzir e vender mais, seria preservada até o fim do ano. “Na nossa avaliação, os preços atuais da celulose não são sustentáveis”, observou.
Na última semana, o preço líquido da fibra curta na China reagiu. Com alta de US$ 3,70 por tonelada, subiu a US$ 445 por tonelada. No entanto, analistas e consultores defendem que a retomada de fato seja vista no quarto trimestre.
Fonte: Valor Econômico
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