Quem está lucrando com a crise de papel higiênico na Venezuela?

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Há algumas décadas, o governo da Venezuela tem se demostrado intransigente com os diversos setores da sua economia, não assumindo a existência de crises, por exemplo. Atualmente, a situação parece continuar presente entre os seus seguidores de Hugo Chávez, que continuam no poder. Isso pode ser observado na última crise que abalou o país desde o início deste ano e que afeta um item bastante comum na vida de qualquer indivíduo: o papel higiênico.
Desde as últimas eleições políticas, os rumores e tensões já vinham interferindo inevitavelmente na economia do país, fazendo com que alguns itens básicos de consumo sumissem dos supermercados, e um desses produtos é o papel higiênico, que começou a ficar muitíssimo caro desde maio, evidenciando que o país também possui um problema crescente de produção – já que os preços são fixados pelo governo e as empresas não possuem muitos incentivos para amplicar as suas capacidades produtivas. Uma das principais produtoras de papel tissue na Venezuela é a Kimberly-Clark, com 15% do mercado.
O Ministério da Indústria da Venezuela anunciou que o governo autorizou que cerca de 50 milhões de rolos de papel higiênico fossem comprados de outros países. Em julho deste ano, mais de 6 milhões de dólares em papel higiênico foram comprados apenas dos Estados Unidos. Além disso, o governo acabou ocupando temporariamente 40% das fábricas de insumo do país.
O assunto virou discussão em todo o mundo, pois a falta de papel higiênico no mercado se converteu este ano no problema mais visível do complicado desabastecimento de produtos de consumo massivo e medicamentos enfrentados pela economia venezuelana. Assim, o papel higiênico é apenas a ponta do iceberg – diversos itens básicos, como óleo vegetal, pasta de dente, café e sabonete, já demonstram uma queda em suas produções.
O governo, por sua vez, não se responsabiliza e atribui a falta destes produtos à especulação de setores empresariais e à mídia, que, de acordo com o mesmo, tentam desestabilizar a economia do país. Já os empresários, responsabilizam a falta de dólares para o não financiamento de importações de matérias-primas, como a celulose. Quem paga o preço são os milhares de venezuelanos que vão de estabelecimento a estabelecimento para garantir os itens que desencadearam a crise no país.
Recentemente, além de o governo importar 50 milhões de rolos de papel higiênico para tentar resolver o problema de desabastecimento, comprou 3,4 milhões de toneladas de alimentos para os próximos meses e garantir, assim, que a população não fique sem estes itens durante o Natal. Mas isso não resolve a situação – a crise continua, pois há poucos investimentos federais nas indústrias de base e pouco foi anunciado pelo governo de Maduro para que reverta a situação.
Na sua opinião, qual a melhor solução para a situação da indústria de papel tissue na Venezuela? O espaço de comentários está aberto.