Proposta da Paper Excellence pode unir Fibria e Eldorado Brasil em Três Lagoas (MS)
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Uma nova proposta poderá unir as maiores produtoras de celulose do país, e que estão instaladas em Três Lagoas. Segundo revelou o jornal Valor Econômico a Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto da J&F Investimentos e da Paper Excellence (PE), e a Fibria, maior empresa do segmento no mundo, poderão combinar suas operações a partir da constituição de uma nova empresa.
O Valor revelou, de acordo com fontes com conhecimento do assunto, uma proposta para início de conversas já teria sido levada à Fibria pela PE, que pertence aos mesmos donos da Asia Pulp and Paper (APP) e ainda é acionista minoritária da Eldorado. O que move uma associação entre as duas empresas é poder capturar por ambos os sócios as elevadas sinergias industriais, florestais, comerciais e de logística que resultariam da união dos seus ativos em Três Lagoas. O montante desses ganhos poderia superar R$ 4 bilhões.
A Fibria informou ao Valor que não comenta o assunto e a PE declarou que não procede a informação e que continua focada no processo de aquisição dos 53% restantes de ações da J&F na Eldorado Brasil. Um dos sócios da Fibria, o grupo Votorantim, segundo uma fonte do Valor, não recebeu, diretamente, proposta da PE, mas indicou que a quem caberia receber era a própria fabricante de celulose. Por isso, preferiu não comentar a informação. O grupo tem 30% das ações da empresa e o BNDES, com quem divide o controle, fatia semelhante.
Segundo as fontes ouvidas pelo Valor, Fibria e PE teriam participações diferentes na joint venture, que agruparia as duas linhas de produção da controlada de Votorantim e BNDES no município sul-mato-grossense e a linha única da Eldorado, que entrou em operação em 2012. A união geraria uma fabricante apta a produzir quase 5 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano – à capacidade instalada de 3,25 milhões de toneladas da unidade da Fibria, em Três Lagoas, se somaria o 1,7 milhão de toneladas da Eldorado.
Em volume, a Fibria tem o dobro do tamanho da Eldorado, cujo controle – em processo gradual de transferência – foi vendido à PE pelos irmãos Batista em setembro por R$ 15 bilhões (incluindo dívidas).
Com base nos números financeiros da Eldorado até setembro, somando a produção das duas empresas, seria criada uma companhia com receitas anuais acima de R$ 10 bilhões. Na avaliação de uma fonte do setor, um potencial acordo societário com a Fibria dependerá, sobretudo, do valor atribuído aos ativos, especialmente à Eldorado.
A Fibria foi uma das empresas que demonstraram publicamente interesse na concorrente quando a J&F sinalizou ao mercado a intenção de vender o negócio. Mas não se dispôs a pagar o valor oferecido pela PE, por considerar o prêmio excessivo – analistas e outros produtores de celulose concordaram que o múltiplo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 11 a 12 vezes foi caro. A Fibria a avaliava em aproximadamente 8 vezes.
Segundo fontes da indústria papeleira, a abertura da PE a um diálogo para unir as operações teria sido indicada à Fibria, via assessores financeiros, nas últimas semanas, após uma última tentativa de acordo de fusão por parte dos acionistas da Fibria e da Suzano Papel e Celulose. A consolidação entre as duas principais companhias de celulose e papel do país é vista no setor como um fato certo – e tende a ocorrer mais cedo ou mais tarde.
Neste momento, alega a PE, a meta é concluir a aquisição das ações da Eldorado ainda em poder dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A PE, que oficialmente tem sede na Holanda, detém 47,4% do capital. Tem até setembro para adquirir a fatia remanescente, mas o fechamento da operação pode ocorrer bem antes desse prazo. O Valor apurou que a PE já tem disponíveis linhas de financiamento dadas por bancos chineses e que a transferência do controle da empresa pode ser sacramentada já em março.
A companhia também já esteve em conversas com a diretoria do BNDES, principal credor da Eldorado, para renegociar a dívida.
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