Novo ciclo de crescimento para a Cremer
Segundo o executivo porta voz da companhia, “outras aquisições estão no radar da nova gestão”
A compra de 91% das ações da Cremer por cerca de R$ 500 milhões, anunciada em novembro de 2017, não deve saciar o apetite de crescimento do Grupo Mafra. Presidente da fabricante de produtos para a saúde que ganhou mercado a partir de Blumenau, o executivo Leonardo Byrro afirma que outras aquisições estão no radar da nova gestão, embora a prioridade do momento seja garantir a integração total entre as duas companhias.
A incorporação da Cremer permitiu que o Grupo Mafra, antes focado em distribuição, entrasse também no ramo de produção, ampliando perspectivas de negócios. Nesta entrevista, Byrro explica quais são as expectativas.
O que mudou na gestão da Cremer após a compra?
A compra foi anunciada lá em novembro (do ano passado) e concluída, após a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em 4 de abril. Efetivamente, as companhias começaram a trabalhar juntas a partir dessa data. O que muda é que agora a Cremer faz parte de um grupo muito maior, com um projeto para se posicionar como o maior fornecedor de produtos para saúde do país nos seus mais diversos canais, de hospitais a farmácias. É um novo ciclo de crescimento para a Cremer dentro de tantos outros que ela já teve na sua história. A união traz para o mercado uma combinação muito poderosa de duas coisas: uma capacidade industrial e um nível de qualidade de produtos absolutamente diferenciados e reconhecidos da Cremer com uma capacidade de vendas e um nível de serviço para os clientes muito reconhecidos da Mafra. O mercado recebeu isso de uma forma muito positiva. Clientes e fornecedores entenderam que estamos muito mais somando forças do que juntando companhias que têm concorrência entre si. Até porque elas já tinham uma relação de parceria. A Mafra era uma distribuidora da Cremer. Tem pouca concorrência e muita sinergia e combinação de competências.
Como a Cremer agrega ao grupo em termos de produto e mercado?
O Grupo Mafra atuava apenas na distribuição. A Cremer entra como primeira perna dentro de outras que podem existir ao longo do tempo, de ter a fabricação dentro do grupo. Isso nos dá uma condição de ser mais eficientes na cadeia, porque se eu estou mais próximo do cliente eu sei o que ele precisa e consigo planejar melhor a minha produção. Ela (Cremer) agrega uma competência industrial que o Grupo Mafra não tinha. Por isso eu falo que tem pouca concorrência.
O Grupo Mafra pensa em novas aquisições em outros nichos?
Sem dúvida. Estamos sempre olhando o mercado. A aquisição faz sentido quando ela está dentro da sua estratégia de crescimento. Se a gente quer entrar em determinado mercado, a aquisição é um meio de executar a nossa estratégia, e não um fim. Mas faz parte sim, estamos constantemente olhando o mercado para outras aquisições que possam fazer sentido.
Há algo em vista ou em negociação?
Tem conversas. A nossa prioridade máxima é integrar as companhias e garantir que a gente não se perca no meio do caminho. O foco, principalmente em 2018, é na integração, mas para 2019, sem dúvida, gostaríamos de olhar novos movimentos.
Como esse cenário de instabilidade da economia impacta nos negócios do grupo?
Nunca estamos alheios a isso. O setor de saúde tem boas tendências se comparado a outros setores. Independentemente do cenário econômico, elas são muito positivas para o longo prazo considerando o envelhecimento da população, da necessidade de melhoria do sistema de saúde do Brasil, de doenças crônicas. Eu particularmente sou muito animado com o futuro, com o potencial do setor e a transformação que podemos ajudar a liderar. No curto prazo, é óbvio que a gente sente. Num ano de eleição, a gente tem mais dificuldades com verbas do segmento público. O cenário de incerteza faz com que, às vezes, os pacientes adiem uma cirurgia ou outra, aquelas que são eletivas (não urgentes). Em junho e julho, por exemplo, como reflexo de Copa do Mundo, sentimos queda na demanda de hospitais privados. Mas eu diria que isso é muito mais muito conjuntural, de curto prazo. Do lado econômico e político, de país como um todo, eu sou absolutamente otimista também. Acho que a gente vai ter um cenário de desfecho positivo neste ano, e que o Brasil vai entrar, a partir do ano que vem, em um novo ciclo de crescimento, fazendo as reformas que têm de ser feitas. A inadimplência e a queda de vendas em alguns setores têm sim nos afetado, mas a gente está conseguindo lidar muito bem com isso.
Qual a importância de SC para os negócios do Grupo Mafra hoje?
A Cremer hoje é uma parte muito importante do grupo e tem sua base, raiz e fundação em Santa Catarina. Vamos continuar tendo uma presença muito grande no Estado, não só com o número de empregos gerados, mas também pela movimentação econômica, como um estado consumidor de nossos produtos em hospitais, redes de farmácias, clínicas e todo mundo que a gente atende. É um estado vital para nós e que sempre foi muito aberto para investimentos e parcerias.
Consolidada a compra da Cremer, qual o próximo passo do Grupo Mafra?
Vamos buscar muito investimento em melhoria de nível de serviço e atendimento aos nossos clientes. Isso passa por sistemas que a gente quer melhorar, melhorias em nossos centros de distribuição e por investimentos em frota própria. Esse é um grande diferencial do Grupo Mafra. A frota de entrega é própria. Isso fez com que tivéssemos um enorme diferencial no mês de maio, durante a greve dos caminhoneiros. Fomos, de longe, o fornecedor que mais conseguiu atender hospitais pelo Brasil. Crescer o nosso portfólio de produtos também é algo que queremos bastante. Isso pode ser por meio de parcerias estratégicas, achar novos fornecedores ou a própria agenda de aquisições.