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No primeiro painel do Tissue Summit, especialistas debatem consolidação do mercado

Executivos da Ipel, Bracell e Essity falaram sobre investimentos em tecnologia e sustentabilidade, além de apontar as principais tendências e expectativas para o setor

Finalizando o primeiro dia de atividades do Tissue Summit Brasil 2024, na terça-feira, 5, ocorreu um painel de debate moderado por Felipe Quintino, fundador e CEO do Nexum Group, no qual fabricantes de tissue discutiram sobre o tema e o panorama geral no mercado. O painel foi composto por Luciano Barboza, CEO da Ipel, Eduardo M. Aron, diretor geral de Tissue da Bracell, e Sarah Sampaio, gerente de Marketing de Higiene Profissional/Tork, da Essity.

Abrindo as discussões, Luciano Barboza falou sobre o compromisso da Ipel com a pauta ESG (critérios de responsabilidade Ambiental, Social e Governança Corporativa). O executivo ressaltou que o segmento de tissue já é ESG por natureza – sobretudo no caso de fabricantes que trabalham com aparas – e que a Ipel busca contemplar todos os pilares dessa pauta, com vistas a atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Além disso, destacou que a companhia está focada em obter certificações ambientais e evoluir no modelo de compliance e governança.

Em seguida, Eduardo M. Aron falou sobre o ambicioso projeto de tissue da Bracell em Lençóis Paulista (SP) e como ele está alinhado à pauta da sustentabilidade e ESG. O empreendimento terá capacidade produtiva para 240 mil toneladas de tissue e diversos diferenciais no quesito ambiental, incluindo o maior painel solar da América Latina, que irá ajudar na exportação de energia da companhia.

Já Sarah Sampaio ressaltou que a Essity tem a sustentabilidade e a inovação no seu DNA, por meio de ações globais que se refletem localmente. Algumas das ações incluem a gestão de recursos, o uso de menos materiais, fontes de fibras diferenciadas, como de palha de trigo na Europa, e parcerias para produção mais limpa e neutra de papel. No Brasil, os focos da companhia são a gestão de resíduos na fábrica e a neutralização de emissões de carbono, visando à sustentabilidade no dia a dia dos consumidores, clientes e usuários por meio de soluções de bem-estar como os sistemas Tork.

No segundo bloco do painel, o CEO da Ipel falou a respeito do processo de transformação digital da companhia. Nos últimos anos, a empresa vem realizando grandes investimentos em manufacturing e, recentemente, criou uma Diretoria de Gestão e Tecnologia – sob o comando de Marlon Souza –, que une a área de Tecnologia da Informação, um escritório de projetos e um escritório de processos. O objetivo é ofertar ao cliente uma experiência diferenciada e, por meio da gestão de dados, tomar decisões mais rápidas, assertivas e ajustadas ao negócio.

Na sequência, Aron falou sobre a “rodovia digital” da Bracell, abrangendo stakeholders e toda a cadeia produtiva de uma forma agressiva para integrar digitalmente toda a companhia. De acordo com ele, esse processo já existia antes de a empresa construir a operação de tissue, que, “para o mercado é grande, mas para a Bracell, é como se fosse um startup interno”. O executivo ainda salientou que juntar os elos da cadeia usando as ferramentas da Indústria 4.0 promove mais eficiência e um time mais conectado.

Sarah, por sua vez, falou sobre algumas soluções de higiene inteligentes da Tork, com destaque para o Tork Vision Cleaning, que aproveita o poder dos dados em tempo real para identificar quando e onde existem necessidades de serviço nas instalações, maximizando a eficiência para trabalhar de forma mais inteligente e garantir as novas normas em termos de higiene, reduzindo também o desperdício.

No último bloco do painel, os especialistas fizeram uma análise das principais tendências atuais de mercado e compartilharam suas expectativas para o futuro. O CEO da Ipel falou sobre o processo de consolidação do setor de tissue, afirmando que este movimento é normal – hoje, o mercado de consumo tem cerca de 1.600 toneladas e a companhia prevê que o segmento cresce de 5 a 6% por ano.

Aron declarou que chegar ao mercado de tissue não é um movimento fácil para a Bracell, que, apesar de grande, ainda é tímida dentro desse segmento. No entanto, a empresa possui uma visão global de que o Brasil sempre será um grande exportador, com uma produtividade florestal fantástica e excelente mão de obra.

Por fim, Sarah declarou que a multinacional sueca Essity também acredita muito no Brasil e pretende continuar entregando valor no mercado, se reinventando a cada dia com novos produtos alinhados à sustentabilidade. Ela salientou que a América Latina representa uma participação de 15% do consumo e, no futuro, há muito potencial crescer com soluções inovadores e tecnologia.

INTELIGÊNCIA DE DADOS & SUSTENTABILIDADE

Ao final do debate, os participantes concederam uma entrevista ao Nexum Group, no qual comentaram os principais insights obtidos a partir do painel.

“Falamos de sustentabilidade, que é um tema que não podemos nunca de falar, e falamos sobre a parte de dados, inteligência, gestão e transformação digital. Deu para perceber que existe um movimento de transformação digital, assim como existe um foco no segmento ESG. Acho que o digital no nosso segmento ainda está muito tímido e a Ipel tomou essa decisão de entrar mais forte na transformação digital”, comentou o CEO da Ipel. “O efeito disso é muito rápido. Até o final de 2024, pretendemos estar impactando os nossos clientes e o público interno de uma forma muito relevante. E no final de 2025, consolidar essa posição de estar na vanguarda, de fato, da gestão digital no mercado de tissue”, completou.

Já o diretor de tissue da Bracell destacou que o ESG está no DNA da Bracell há muito tempo. “A Bracel criou o conceito ‘5 C’s’ há mais de 5 anos – que significa a criação de valor para a Comunidade, para o País, para o Clima, para os nossos Clientes e para a nossa Empresa. Somos uma empresa globalmente integrada, que prima pela produtividade. Portanto, a digitalização é uma característica-chave. Você pode integrar o ponto de venda, pode integrar floresta, pode integrar o time interno… Então as possibilidades com a rodovia digital são infinitas”, falou.

Ele ainda comentou a posição da companhia diante da consolidação do mercado de tissue. “Nós estamos entrando na área professional e na consumer. A gente tem uma curva, tem uma missão de ser importante no mercado, mas sabemos que as coisas levam tempo. Se você forçar demais, acaba destruindo o valor. Então, temos um plano condizente com a capacidade do mercado e com a forma como ele está ocupado, então fizemos um plano obviamente ambicioso, mas factível”.

A executiva da Tork/Essity observou que é “impossível falar da marca sem falar de sustentabilidade”. “Essa não é mais uma tendência, é uma realidade, mas que ainda tem os seus desafios e as suas oportunidades. Então, não é só a sustentabilidade falada, que é uma exigência, mas sim metas e ações concretas. Vemos que toda a cadeia está pensando em sustentabilidade desde ali da ponta, da máquina, até a entrega pro consumidor final. E a tecnologia é muito importante nesse sentido. Estamos nos questionando se, no futuro, chegará um momento em que o consumo na ponta vai gerar um dado que vai direto para o produtor de celulose e aí teremos a cadeia toda conectada. Então, precisamos estar prontos para quando essa realidade chegar”.

Sarah também destacou que a Essity acaba de divulgar seu relatório anual. “A gente teve recorde de vendas e de lucro nesse ano de 2023. Nosso propósito é quebrar barreiras pelo bem-estar e soluções de produtos de higiene e saúde, mas somos uma empresa de capital aberto e estamos buscando sempre entregar mais valor para os acionistas”, concluiu.

*Com contribuição de Bianca Machado, Sandra Nascimento e Pamela Albuquerque

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Yasmin Godoy

Yasmin Godoy é jornalista, pós-graduada em Gestão de Conteúdo em Comunicação e desde 2020 escreve sobre os mercados de papel, celulose e personal care.

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