O último Painel Tissue Online teve como tema a celulose microfibrilada MFC, matéria-prima florestal de origem renovável que pode ser utilizada em diversos segmentos, como a indústria papeleira. Uma das participantes do debate foi Bibiana Rubini, gerente executiva P&D&I de Celulose e Biorrefinaria da Suzano.
Bibiana começou falando sobre a aplicação da nanocelulose para o segmento de papel e de seus aspectos econômicos e tecnológicos. “Eu não vejo como a nanocelulose não fazer parte do papel no futuro, temos desafios ainda na produção – escalabilidade da nanocelulose, o desafio de colocar ela no papel por questões da viscosidade, que é alta, e desafios econômicos porque é um produto de alto valor agregado –, mas eu acho que o movimento é tão intenso na direção de usá-la nos produtos de papel, que esses desafios vão ser superados mais cedo do que a gente esperava. Na Suzano, nós temos os ativos de celulose que investimos no desenvolvimento da nanocelulose, e temos a unidade de produção de papel onde aproveitamos essa matéria-prima que conseguimos desenvolver dentro de casa para melhorar nossos papéis também. Não tenho dúvida de que o futuro do papel passa pela nanocelulose”, afirmou.
Bibiana ainda explicou que existem diversos tipos de celulose MFC, o que a torna um insumo versátil. “Ela pode ser de eucalipto, branca, e ter três tipos diferentes com propriedades diferentes. A Suzano está explorando muito essa versatilidade da MFC, fazendo vários investimentos em pesquisa para desenvolvimento de aplicações; estamos investindo na produção de tecidos a partir de MFC. A Suzano tem essa participação na startup finlandesa Spinnova que desenvolveu o processo de transformar nanocelulose em fibra descontinuada e depois é utilizada para formação de fio e tecido; todo produto químico é de base renovável. São investimentos que a Suzano está fazendo para colocar a nanocelulose para o mercado e ajudar outras cadeias de valor a reduzirem o conteúdo de produto fóssil”, contou.
Por fim, a executiva falou sobre os desafios logísticos para o uso da nanocelulose. “Quanto mais longe, mais caro vai ser o produto para quem vai receber, porque 4% é fibra e 96% é água. Acho que a presença da água não impacta somente a logística, mas também a aplicação, dependendo do sistema em que você quer inserir a nanocelulose. Se dilui a sua formulação com a presença dessa água, temos cientificamente muito o que andar ainda, estamos falando muito no desaguamento dela para minimizar o impacto do custo logístico, do aumento da quantidade de água na fórmula que estamos trabalhando. Nesse meio do caminho, vamos criar outras maneiras; vai ser muito mais uma estratégia de internacionalização enquanto esse problema de secagem não se estabelece plenamente”, concluiu.
Confira na íntegra o Painel Tissue Online: Celulose MFC: