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Mesmo com a greve, vendas no varejo crescem pelo segundo mês seguido

Antes dos efeitos da greve dos caminhoneiros, o varejo iniciou o segundo trimestre com um ritmo de vendas melhor que o previsto pelo mercado e números positivos disseminados por todos os seus ramos, conforme os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de abril divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O volume de vendas no varejo restrito — que exclui o comércio de automóveis e de materiais de construção — cresceu 1% em abril, na comparação a março, descontados os efeitos sazonais. Das oito atividades acompanhadas pelo IBGE, sete tiveram crescimento no mês e uma ficou estável, algo que não era visto desde 2012.

O desempenho surpreendeu ao ficar acima da média estimada pelo Valor Data, apurada com 24 consultorias e instituições financeiras, de avanço de 0,4%. O intervalo das projeções ia de queda de 0,7% a aumento de 1,3%.

Outra boa notícia foi a revisão do resultado das vendas de março, que passou para uma alta de 1,1% frente a fevereiro — o dado foi revisado de um avanço de 0,3% divulgado anteriormente. A revisão refletiu o ajuste sazonal e novos dados primários para atividades de supermercados e equipamentos de escritório.

“Tínhamos meses de alta do varejo seguidos de meses de queda ou pouco crescimento. Era um dado mais volátil. Foi o primeiro par de meses que o varejo se mantém em um ritmo de recuperação”, disse Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. “Dados mostram uma melhora do ritmo de retomada.”

Os números do comércio foram divulgados uma semana após dados positivos também da indústria. Na semana passada, o IBGE divulgou  que o setor abriu o segundo trimestre com avanço de 0,8%, pela série com ajuste sazonal, resultado acima do esperado pela média do mercado (+0,4%).

Pelo conceito ampliado, que inclui veículos e material de construção, além de outros oito segmentos, as vendas do varejo subiram 1,3% entre março e abril. O resultado também ficou acima da estimativa de analistas ouvidos pelo Valor Data, que previam elevação de 1% no mês.

Quando comparado a abril do ano passado, o volume de vendas do varejo ampliado cresceu 8,6%. O setor acumula agora alta de 7,4% no ano e de 7% nos últimos 12 meses.

Atividades

O desempenho do varejo foi disseminado em abril, com destaque importante para as vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que representa quase a metade (46%) do varejo restrito e um terço (36%) do varejo ampliado. O setor cresceu 1% em abril, frente a março.

“Todo o varejo se movimentou em abril, mas é um setor que está na base do consumo, tem peso grande na pesquisa e por isso mesmo foi um destaque positivo”, disse Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

Outro destaque positivo foi a atividade de artigos farmacêuticos, medicamentos, ortopédicos e perfumaria, que também está na base de consumo das famílias. Essa atividade cresceu 1,5% na passagem de março para abril.

Também cresceram Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,8%), Combustíveis e lubrificantes (3,4%), Livros, jornais, revistas e papelarias (0,9%), Móveis e eletrodomésticos (0,7%), Tecidos, vestuário e calçados (0,3%). Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,0%) ficou estável.

Segundo Isabella Nunes, o desempenho do varejo em março e em abril está ligado ao comportamento benigno da inflação e ao crédito mais barato, com a queda da taxa básica de juros. Ela lembra que, apesar da perda de ímpeto do mercado de trabalho, a massa salarial manteve-se nos últimos meses.

A interrogação agora é o impacto da greve dos caminhoneiros sobre o mês de maio. A gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE disse que a greve deve impactar o varejo, mas que será preciso aguardar a divulgação dos resultados para quantificar esses efeitos. Ela lembrou que a pesquisa é feita com base na receita bruta informada pelas empresas por meio de formulários online.

“A greve dos caminhoneiros vai bater em maio. Qualquer evento com impactos na economia influencia o comércio. Todos os segmentos devem sentir. Foi uma crise de oferta, no final do mês. Hipermercados têm peso grande na pesquisa e foi um dos afetado”, disse Isabella.

O setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo pesa 46% no varejo restrito – que exclui as atividades de veículos e materiais de construção – e foi afetado pelo desabastecimento de produtos in natura. Postos de gasolina, que pesam 11% no varejo restrito, também ficaram sem combustíveis.

Revisão

Novas informações sobre o desempenho de um conjunto de empresas do setor de hiper e supermercados em São Paulo explicou boa parte da forte revisão das vendas de varejo do país de março, que passou +0,3% para +1,1% na comparação a abril.

Segundo a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, as empresas podem enviar informações tardias ou revisar as informações enviadas online ao órgão no mês subsequente à realização da PMC.

“Neste caso, influenciou mais por ser um um setor que tem peso grande na pesquisa, que é o de supermercados, e uma localidade com peso grande, que é São Paulo”, disse Isabella.

As vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo de março foram revisadas de queda de 1,1% para alta de 0,1% frente a fevereiro. Essa atividade representa quase a metade (46%) das vendas do varejo acompanhada pelo IBGE.

Outra revisão importante nos números de março, com base em novas informações primárias ocorreu em equipamentos de informática, de queda de 5% para baixa de 3,8%.

O desempenho de outras atividades do varejo de março foi revisada. Nestes outros casos, porém, a revisão foi provocada frente a fevereiro, foi provocada pelo entrada do mês de abril de 2018 na série histórica da pesquisa, o que gera ajustes sazonais dos resultados.

Fonte: Valor Econômico

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