Consulta a empresas faz parte do processo de análise da operação do Cade
A maior parte dos concorrentes, clientes e fornecedoras de Suzano Papel e Celulose e Fibria que foram inquiridos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão das companhias não faz objeção ao negócio. As informações são do Itaú BBA.
A equipe de análise do banco fez um levantamento das respostas públicas dadas ao órgão antitruste pelos participantes do mercado de papel e celulose. O resultado apresentou, de um total de 30 consultados, 21 favoráveis ao negócio, um sugere restrições, dois se opõem à operação e cinco não tiveram suas respostas publicadas.
“A ausência de oposição de concorrentes, clientes e fornecedores no Brasil é, na nossa opinião, um sinal positivo, aumentando a probabilidade de uma aprovação [da transação] sem grandes alterações”, escreveram os analistas Marcos Assumpção, Daniel Sasson e Carlos Eduardo Schmidt.
As empresas contrárias à fusão são a Schweitzer-Mauduit International (SWM), que chega a produzir 30 mil toneladas de papéis especiais por ano no Rio de Janeiro e a Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê (Camat), que fornece madeira de eucalipto para Suzano e Fibria em São Paulo.
A SWM apontou ao Cade que a transação poderia criar um oligopólio, reduzir a competitividade global e facilitar o controle da oferta da matéria-prima e de preços. A Camat, por sua vez, alega que não vê competição entre Suzano e Fibria por madeira na região em que atua, o que fez com que os preços do produto permanecessem estáveis desde 2009.
A brasileira OL Papéis, que produz papéis para fins sanitários (tissue) para o Nordeste e compra celulose da Suzano, vê possíveis impactos da fusão no mercado doméstico desse tipo de papel. Por isso, sugere ao Cade que recomende para Suzano e Fibria não serem conjuntas nesse setor.
A International Paper, concorrente da Suzano em venda de papéis de escrever e imprimir, compra celulose da Fibria, então apoia a operação desde que seu contrato com a fornecedora em Três Lagoas (MS) não seja alterado.
Os analistas do Itaú BBA reiteram que a aprovação por autoridades antitruste é o principal obstáculo para o fechamento da operação até o primeiro trimestre de 2019. Os Estados Unidos já deram seu aval, faltando as posições do Cade, da Comissão Europeia e do Ministério do Comércio da China.
Há poucos dias, a Suzano informou que reduziu de US$ 6,9 bilhões para US$ 4,9 bilhões o empréstimo-ponte que será usado para pagamento aos acionistas da Fibria, após a emissão de debêntures no valor de R$ 4,68 bilhões subscritas pelo Bradesco.