Marcas próprias devem surpreender o consumidor com inovação
“À medida que o consumidor muda, o varejo precisa mais que rápido entender essas mudanças”, defende a presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização

Hoje, uma excelente e importante ferramenta de fidelização dos clientes é a marca própria. Por isso mesmo, grandes redes supermercadistas do Brasil investem cada vez mais em suas marcas, como o Grupo Pão de Açúcar, o Carrefour e o Dia, além de redes farmacêuticas, como RaiaDrogasil e Pague Menos.
Em 2000, só cerca de 15% dos consumidores acreditavam nos produtos de marca própria, mas, atualmente, esse número chega a 80%. Isso porque, na maioria das vezes, eles não ficam atrás de nenhum outro quando se trata de qualidade e custo-benefício, entregando realmente o que prometem.
Com a pandemia de Covid-19, as marcas próprias cresceram ainda mais rápido do que o esperado. Tal fenômeno é considerado recorrente em momentos de crise econômica. Isso ocorreu por volta de 2008, na Europa, continente em que 50% do consumo será de produtos de marcas próprias até 2025, segundo pesquisas. Devido à crise, essa mudança pode ser acelerada e ocorrer antes, até 2023.
Por isso, essa é a hora de fabricantes e redes que vendem marcas próprias investirem cada vez mais em produtos inovadores, com qualidade e bom preço, surpreendendo o consumidor e entregando cada vez mais custo-benefício. “Melhor, passou da hora de o varejo acreditar que a marca própria é, sim, relevante. Os produtos precisam sair do trivial e do básico”, defende Neide Montesano, presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro).
A associação realizou uma pesquisa em parceria com a Nielsen que revela o crescimento nas vendas de produtos de marcas próprias no país, em itens que vão além da cesta básica e sim, são diferentes, inovadores e especiais. Segundo Neide, as marcas investem cada vez mais nesses produtos porque estudam o cliente, entendem o que ele quer e entregam além, ou seja, surpreendem. “E, sem dúvidas, esse é o caminho para o futuro”, completa. Assim, investir em qualidade e bom custo-benefício permitem ter um público fidelizado, fazendo com que a rede esteja muito próxima do cliente para oferecer o que ele necessita.
Logo, o consumidor pode comprar os mesmos produtos por preços mais baixos e, assim, ajudar que os pequenos, médios e grandes comerciantes continuem vendendo. Ou seja, as marcas próprias são tão importantes para os fornecedores quanto para as grandes redes varejistas. “Foi a marca própria, por exemplo, que permitiu à classe média baixa consumir produtos diferentes. Chegou a hora de valorizar toda a rede de pessoas que permite que as marcas próprias existam e entreguem tamanha qualidade: fornecedores, donos de marcas e consumidores”, pondera Neide.
Para ela, é também graças ao consumidor, que acredita na marca própria, que existe investimento para o setor crescer e entregar sempre o melhor produto, com qualidade e bom preço. “Muito se fala sobre o novo varejo. Mas eu acredito que o varejo está sempre se reinventando. À medida que o consumidor muda, o varejo precisa mais que rápido entender essas mudanças. O consumidor quer ir além do bom custo-benefício. Chegou o momento de surpreendê-lo e entregar cada vez mais inovação”, conclui.