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Klabin planeja investimento de US$ 2 bilhões em nova fábrica no Paraná

Projeto contempla linha de produção de fibra marrom e 2 máquinas de papel

Teixeira, diretor-geral: alavancagem confortável no fim do ano deixa Klabin pronta para investir em papéis de embalagens

Pouco mais de dois anos depois de concluir o maior investimento de sua história, a Klabin está perto de pôr em marcha um novo ciclo de crescimento, com aporte total de cerca de US$ 2 bilhões. O projeto contempla a construção de uma fábrica integrada de celulose e papel no Paraná e será submetido à aprovação do conselho de administração no quarto trimestre.

Diferentemente do que se estudava, a nova fábrica contará com uma linha de produção de celulose marrom, que fornecerá matéria-prima para duas máquinas de papéis para embalagens, a primeira de kraftliner e a segunda de papel cartão. A engenharia básica já foi aprovada, mas não há valor definitivo do investimento, uma vez que os estudos ainda não foram aprovados. Ao câmbio de hoje, o desembolso indicado chegaria a algo perto de R$ 7,5 bilhões, abaixo dos R$ 8,5 bilhões investidos na unidade Puma, no município de Ortigueira (PR).

Em entrevista ao Valor, o diretor-geral da Klabin, Cristiano Teixeira, reiterou que a expectativa é levar o projeto à aprovação do conselho no início do quarto trimestre. Já existem conversas com os controladores acerca do novo ciclo de crescimento, que serão formalizadas em agosto com a apresentação do plano de negócios.

Se o cronograma previsto for cumprido, a Klabin colocará em operação uma nova linha de celulose de 1 milhão de toneladas por ano e uma máquina integrada de kraftliner, de 450 mil toneladas por ano, ao fim de 2020. Dois anos depois, entrará em operação uma nova máquina de papel cartão, de 450 mil toneladas anuais, também integrada. “O projeto começa com uma nova linha de celulose marrom — praticamente um novo Puma — ao lado do Puma atual”, explicou o executivo. As duas máquinas de papel devem alcançar produção de 500 mil toneladas por ano no futuro, de forma que 100% da celulose produzida na nova fábrica será consumida internamente.

O projeto de expansão que seguirá para aval do conselho traz algumas mudanças em relação ao planejado inicialmente. A intenção da companhia, há alguns anos, era aproveitar a celulose da unidade Puma, hoje vendida no mercado, para fabricação de papel cartão e, posteriormente, de kraft. Após investir em novas máquinas de papel, a Klabin partiria para uma linha de celulose fluff, segmento ao qual chegou com a fábrica de Ortigueira e tem sido bem sucedida.

Contudo, as condições de mercado mudaram e os estudos conduzidos pela companhia mostraram que começar o investimento pela máquina de kraftliner faz mais sentido do que iniciá-lo com cartão — há, inclusive, anúncio de nova fábrica por parte de um concorrente estrangeiro. “A campanha de substituição do plástico ganhou uma conotação muito forte, e o kraft é usado em embalagens de alimentos e ganhou uma relevância grande”, observou.

Além disso, as restrições à importação de reciclado (RCP, na sigla em inglês) pela China aumentaram a demanda por papel marrom. Para produzir kraftliner, há necessidade de celulose marrom, diferente daquela que é produzida em Puma. Por isso, a companhia vai direcionar os esforços iniciais também para uma nova fábrica de celulose, marrom, que combina fibra curta e fibra longa conforme o tipo de papel a ser fabricado.

Além da aprovação do conselho, a execução do projeto depende da continuidade da redução da alavancagem financeira, que ao fim de junho estava em 3,9 vezes pela relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), ante 3,8 vezes em março.

Sob esse aspecto, disse Teixeira em teleconferência com analistas, a geração de caixa no terceiro e quarto trimestres terá “forte impacto na aceleração da desalavancagem” e manterá a companhia no caminho para colocar em marcha o plano. “No fim do ano, a desalavancagem deve chegar em níveis, segundo previsões de analistas, por volta de 3 vezes, o que coloca a Klabin como forte candidata a um investimento em papéis para embalagens”, afirmou.

Nos comentários sobre resultados do segundo trimestre, a administração da companhia deu ênfase à mensagem de que o mercado pode esperar por mais redução da alavancagem, que no passado veio mais devagar do que o esperado pelo mercado. De acordo com o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Gustavo Sousa, a alta marginal no índice ao fim do segundo trimestre refletiu exclusivamente a desvalorização cambial e a marcação a mercado da dívida — 74% do endividamento bruto está atrelado a moeda estrangeira. “Se olharmos para a alavancagem em dólar, vemos uma trajetória decrescente. Se fosse descontar o efeito do câmbio, a alavancagem ficaria abaixo de 3,4 vezes”, afirmou.

Com o investimento, a unidade Puma, em atividade desde março de 2016, continuará produzindo celulose para comercialização no mercado. “Num planejamento de longo prazo, o Puma se mantém como é e seguimos com 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose no mercado”, afirmou. A unidade já está produzindo 7% acima da capacidade nominal, de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose de fibra curta e longa.

Hoje, a Klabin vende diretamente a celulose de fibra longa e fluff produzida na unidade e uma parte da celulose de fibra curta que produz na América Latina. O maior volume de fibra curta, por sua vez, é vendido pela Fibria, com a qual a companhia tem acordo comercial até 2022. Em relação a esse contrato, Teixeira afirmou que a Klabin esta avaliando prós e contras de mantê-lo no futuro ou assumir a venda direta desses volumes. “A Klabin tem hoje uma área comercial robusta. Estamos olhando as vantagens e desvantagens do contrato e as vantagens e desvantagens de a gente se lançar no mercado em que já atua”, disse.

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