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Klabin alcança acordo com sócios sobre uso do nome

Contrato de royalties deve ser avaliado entre R$ 350 milhões e R$ 450 milhões.

Após meses de negociação, a Klabin, maior empresa brasileira de papéis e embalagens, chegou a um entendimento com seus controladores para por fim ao pagamento de royalties pelo uso do nome de uma das famílias fundadoras. Conforme fontes próximas às negociações, para o acerto, o contrato de royalties deve ser avaliado entre R$ 350 milhões e R$ 450 milhões.

O pagamento aos Klabin será feito em ações ordinárias da companhia aberta, o que deve exigir uma pequena emissão de papéis. A empresa encerrou a quinta-feira avaliada em quase R$ 23 bilhões na B3. Procurada, a Klabin não comentou o assunto.

O analista Renato Maruichi, do banco Santander, estimou em relatório do ano passado que o valor presente absoluto do contrato é de aproximadamente R$ 600 milhões. Em 2017, os gastos com os royalties familiares somaram cerca de R$ 51 milhões.

O valor acordado ficará abaixo do estimado pelo mercado porque a companhia quer, junto com os donos, transmitir uma mensagem de melhorias na governança corporativa. Embora não chegasse a ser um enorme problema, havia desconforto dos investidores com o tema, por se tratar de um contrato entre partes relacionadas. Dessa forma, quanto maior for o desconto, melhor a notícia deve ser recebida pelo mercado.

O entendimento entre as partes foi alcançado nesta semana, mas um acordo formal e final ainda depende de algumas etapas, segundo fontes. Os laudos de avaliação para a transação ainda não foram concluídos. Além disso, é necessário submeter o tema à assembleia de acionistas.

A companhia prevê, em calendário público, que a assembleia geral ordinária de 2019 ocorrerá em 28 de março. Nada impede, porém, que o assunto seja levado antes ao crivo dos acionistas em encontro extraordinário.

No início de outubro, o Valor antecipou que havia conversas avançadas entre a direção da empresa e controladores neste sentido, e o desfecho poderia marcar um importante avanço em governança corporativa.

O fim dos royalties ganhou relevância dentro da empresa à medida que avançaram os estudos para o novo ciclo de expansão da Klabin, que compreenderá uma nova linha de celulose marrom integrada a duas máquinas de papel kraftliner e cartão. O plano, estimado em cerca de US$ 2 bilhões, deve ser levado à apreciação do conselho de administração no início deste ano e a previsão é que as máquinas de papel entrem em operação em 2021 e 2023. Neste momento, a companhia está reavaliando detalhes técnicos de um dos equipamentos.

O valor do pagamento dos royalties de cada ano é definido justamente pelo volume de kraftliner produzido e vendido pela companhia. E esse volume crescerá de forma importante com o início de operação da nova máquina de papel em 2021, o que agregará capacidade de 450 mil toneladas por ano, sobre a atual de 1 milhão de toneladas.

Nos primeiros nove meses de 2018, a Klabin teve receita líquida de R$ 7,2 bilhões, 19% maior que em igual período do ano anterior. Entretanto, a companhia registrou prejuízo de R$ 726,2 milhões, em função, principalmente, do impacto cambial sobre a dívida. No fechamento de setembro, a dívida bruta somava R$ 20,1 bilhões, para R$ 7,3 bilhões em caixa.

Entre as grandes companhias de papel e celulose listadas na B3, a Klabin foi a que menos implementou avanços no modelo de governança corporativa. Após a adesão da Suzano, tornou-se a única do setor que não está no Novo Mercado. Os sócios que participam do acordo de acionistas somam 58% do capital votante, mas apenas 26% do capital total da empresa.

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