Indústria deve oferecer ao consumidor uma experiência completa, diz analista da Euromonitor
Na visão de Paula Ferolla, para ganhar a confiança e lealdade do consumidor, as empresas de tissue devem oferecer mais do que um produto de qualidade
Após sofrer impactos significativos durante a pandemia de Covid-19 e, posteriormente, as consequências negativas geradas por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, bem como a alta dos insumos de produção, a indústria de tissue ainda tem demonstrado preocupação com os preços inflacionados e o repasse ao consumidor final.
Nesse contexto, para manter suas margens saudáveis e manter-se competitivas, as empresas vêm buscando cada vez proporcionar aos seus clientes experiências positivas – que vão além de oferecer um produto de qualidade –, de modo a ganhar sua confiança e lealdade, conforme avalia Paula Ferolla, analista de pesquisa da Euromonitor International.
“Para 2023, podemos esperar uma indústria muito preocupada com o preço, com a inflação e com o consumidor, oferecendo experiências melhores, usando o canal on-line como uma oportunidade para fomentar experiências positivas com a marca”, declarou a especialista, em entrevista ao Portal Tissue Online.
Para a executiva, no que diz respeito ao poder de compra do consumidor, deve haver uma estabilidade após melhora na inflação. Logo, não deve haver redução no volume de consumo – o que, para a indústria, é considerado algo positivo.
Outra forte tendência de mercado é o e-commerce. No caso da indústria de tissue e personal care, os players estão se estão adequando aos canais digitais e às novas formas de se comunicar com seus stakeholders, visando à construção de um posicionamento cada vez mais sólido por meio das redes sociais, por exemplo. “A indústria de tissue está aprendendo como fazer isso, como se adequar a essa demanda do mercado, mas exige um tempo para o mercado avançar, evoluir e crescer cada vez mais em ofertas para esse consumidor final”, disse Ferolla.
No que diz respeito aos cuidados com a saúde e a higiene como prioridade num mundo pós-pandêmico – em que muitas pessoas passaram a trabalhar de suas próprias casas ou adotaram um modelo híbrido, adotando novos hábitos – o mercado passou por mudanças, tanto no segmento de varejo como no ramo professional.
“Por um lado, as empresas talvez tenham uma demanda um pouco menor, pois têm escritórios menores, mas, por outro lado, o consumidor está mais dentro de casa, olhando e cuidando mais da sua casa para ter um ambiente agradável para trabalhar”, refletiu. “O consumidor sabe que não pode faltar papel higiênico, guardanapo, papel toalha, senão vai atrapalhar também a praticidade do seu dia a dia. Não temos mais a urgência da pandemia, mas acredito que seja uma mudança da sociedade para os próximos anos”, complementou.
SUSTENTABILIDADE
Com um consumidor mais exigente em relação à qualidade e ao preço dos produtos que adquire, o interesse em soluções sustentáveis e de empresas que possuem uma agenda ESG também tem crescido bastante em todo o mundo.
“Na Europa, isso é muito mais avançado, há empresas que são totalmente baseadas em soluções sustentáveis, mas, na ponta, acabam tendo um price point muito mais caro para o consumidor. No Brasil, temos muitas empresas focadas nisso também, mas precisamos realmente fomentar essa sustentabilidade para que se torne algo realmente palpável para o consumidor final”, analisou.
Como os produtos sustentáveis, de forma geral, ainda não carregam atividades promocionais, um dos desafios do setor de tissue é torná-los mais acessíveis não apenas do ponto de vista econômico, mas também ampliar sua comunicação ao consumidor.
“A indústria precisa comunicar isso de uma forma assertiva, utilizando suas embalagens e redes sociais para trazer um resultado positivo para a marca. É preciso esse olhar da indústria de buscar informar o consumidor de que o melhor produto melhor está ali e é acessível, não apenas na Europa ou só nos Estados Unidos – ele já existe aqui”, concluiu.