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As novas locomotivas serão usadas para transportar celulose do Projeto Puma, da Klabin, que compreende a instalação de uma fábrica de celulose no município de Ortigueira, no Paraná, com capacidade de produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, a partir de 2016. Além da compra das locomotivas da GE, o projeto da Klabin também envolve a encomenda de 306 vagões ferroviários junto à gaúcha Randon, para entrega em 2015. Estimativas de mercado indicam que o investimento total da Klabin, incluindo locomotivas e vagões, pode ficar em cerca de R$ 160 milhões (média de R$ 7 milhões por locomotiva e de R$ 350 mil por vagão). Procurada, a Klabin não quis se posicionar e a GE preferiu não falar em valores.
“É o primeiro produto concebido no Brasil para aplicação no Brasil”, disse Rogério Mendonça, presidente da GE Transportation referindo-se à locomotiva Evolution ES43BBi. As máquinas encomendas pela Klabin serão entregues em fins de 2015 para testes e o começo da operação comercial está previsto para 2016. Mendonça disse que, nos últimos cinco anos, a GE Transportation investiu US$ 50 milhões, incluindo o lançamento da Evolution, a nacionalização de outro modelo de locomotiva fabricado em Contagem, a AC44, e investimentos na própria fábrica.
Mendonça afirmou que existe um programa de nacionalização de três anos para a Evolution. O site Valor apurou que a nova locomotiva está em fase final de análise dentro do programa de nacionalização progressiva (PNP), que é um passo necessário para que a máquina seja cadastrada na Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para habilitar-se ao PNP o equipamento precisa ter conteúdo local mínimo de 40%. A Evolution começa com índice de nacionalização de 45% e, ao fim de três anos, deve superar os 60% de conteúdo local.
Mendonça afirmou ainda que a Evolution tem outros clientes potenciais, incluindo a Valor da Logística Integrada (VLI), empresa criada pela Vale e que controla a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), também de bitola métrica. A GE Transportation tem hoje cerca de 50 pedidos na carteira de encomendas envolvendo vários tipos de locomotivas. O número representa 42% da capacidade da fábrica da GE em Contagem, que é de 120 locomotivas por ano. No local, a GE produz três modelos de locomotiva: AC44, a Dash 9 e as máquinas da família C, de menor porte, que estão sendo exportadas para Colômbia e Bolívia. A partir de 2016, a Evolution será o quarto modelo incorporado à produção da fábrica de Contagem.
Mendonça mostra-se otimista com a perspectiva de melhoria do mercado como resultado do programa de renovação da frota que vem sendo discutido pelos fabricantes ferroviários com o governo. Pesa ainda na previsão o fato de que as ferrovias no Brasil atingiram grau de maturidade operacional que favorece novos investimentos em material rodante como fator essencial para reduzir custos e aumentar a produtividade, disse o executivo.
Ao mesmo tempo, a Klabin acertou contrato de longo prazo, até 2027, com a ALL Logística, concessionária ferroviária que atua na região Sul do país. O contrato acertado entre as empresas prevê o transporte de cerca de 900 mil toneladas de celulose por ano, por 450 quilômetros de ferrovia, até o porto de Paranaguá, no Paraná. A ALL informou que a Klabin vai investir na construção de um ramal ferroviário de 25 quilômetros que ligará a fábrica à ferrovia em Mojinho (PR) e será dedicado à movimentação exclusiva de celulose.
Vitor Leme, responsável pela área comercial e industrial da ALL, disse que as novas locomotivas Evolution vão permitir que o comboio saia carregado com celulose na fábrica da Klabin em Ortigueira e vá direto para o porto de Paranaguá sem necessidade de trocas de locomotivas. Hoje a ALL já transporta bobinas de papel para a Klabin de Telêmaco Borba (PR) até Paranaguá. Mas é preciso fazer uma parada na capital paranaense, Curitiba, para fazer a troca de locomotivas maiores por máquinas de menor porte capazes de descer até Paranaguá por meio de uma serra com curvas fechadas.
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