
A
Medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a alavancagem encerrou o segundo trimestre com múltiplo de 1,95 vez.
Com o enfraquecimento do real e o aumento dos preços da celulose de fibra curta, avaliou o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Fibria, Guilherme Cavalcanti, a geração de caixa tende a aumentar “bastante”. Esse reforço, porém, não deve levar a companhia a utilizar uma maior parcela de recursos próprios no projeto de expansão, cujos investimentos estão estimados em US$ 2,5 bilhões – cerca de 40% virá do caixa da companhia.
“Não necessariamente vamos usar mais capital próprio, porque já conseguimos levantar linhas para financiar o projeto”, afirmou o diretor. “Todas as linhas estão muito baratas [diante do perfil financeiro da Fibria], então vamos tomá-las”, acrescentou.
Segundo Cavalcanti, o custo médio de financiamento do projeto (em dólar) ficará entre 2,5% e 3%, com prazo médio de 5 a 6 anos. Hoje, o custo da dívida da companhia está em 3,4%, com prazo médio de 55 meses. “Vamos tomar todas as linhas e ainda diminuir o custo da dívida e estender o prazo. São dívidas são muio eficientes”, ressaltou.
Com essa estratégia, explicou Cavalcanti, a companhia manterá sob controle a alavancagem financeira e poderá usar a maior geração de caixa para pagar dividendos e avaliar outras oportunidades de investimento, incluindo fusão e aquisição. Especificamente do lado do câmbio, a cada 5% de desvalorização do real, o Ebitda da Fibria sobe R$ 403 milhões e o fluxo de caixa livre, R$ 482 milhões (em base anualizada).
Como parte do pacote de financiamento do projeto, a Fibria iniciou, na terça-feira, a colocação de R$ 500 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), em operação que pode subir a R$ 675 milhões conforme a demanda, com custo inicial de 102% do CDI e prazo de dois anos. A companhia também reabriu uma operação de pré-pagamento à exportação, com o objetivo de levantar US$ 300 milhões junto a um sindicato de bancos, e captou US$ 400 milhões diante da oferta elevada (de US$ 515 milhões) e do custo atraente (Libor mais 1,43 pontos base).
Cavalcanti disse ainda que as agências de crédito à exportação (ECAs) que vão participar do financiamento do projeto já colocaram cartas com garantia firme. “Já começou o processo burocrático. Nem tudo está fechado, mas está muito bem encaminhado”, afirmou, referindo-se à estrutura de financiamento do projeto. A nova linha de produção em Três Lagoas terá capacidade de 1,75 milhão de toneladas de celulose por ano.
Em relação ao mercado global de celulose, o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, disse que a relação entre oferta e demanda segue balanceada, com estoques baixos, o que deve proporcionar a aplicação integral do aumento de US$ 20 por tonelada válido desde 1º de setembro.
“Esse aumento deve ser emplacado, com as condições de mercado balanceadas. Nenhuma perspectiva mudou”, afirmou. Na avaliação de Castelli, a retomada de operação da maior linha de produção de Rizhao, na China, com 1,5 milhão de toneladas, não muda o panorama positivo para o mercado de celulose.
“Com a saída da linha, o mercado ficou ainda mais apertado. Agora estamos acompanhando em qual regime de produção ela voltará, porque ainda não ocorrem chuvas naquela região”, acrescentou Castelli. A fábrica da indonésia April na China teve de interromper as operações em razão da seca que afeta a província de Shandong depois de uma ordem do governo local.
O presidente da Fibria disse ainda, referindo-se ao projeto de expansão em Três Lagoas, que o custo caixa de produção consolidado da companhia cairá a US$ 155 por tonelada com a nova linha, frente a US$ 180 por tonelada, considerando-se câmbio de R$ 3,14. A média do setor no país está em US$ 241 por tonelada.
Valor Econômico