Walter Lídio Nunes criticou custos que encarecem produção nacional
Com o montante de recursos circulando no Brasil, seria possível ao País ter um crescimento sustentável de, ao menos, 6% ao ano com um bom planejamento. A afirmação é de Walter Lídio Nunes, ex-presidente e atual membro do conselho da CMPC Celulose. Ainda assim, Nunes argumenta que a competitividade internacional do Brasil depende da formação de “uma colcha de retalhos”, que pode começar com as reformas estruturais constantemente debatidas no meio empresarial, como a previdenciária.
A situação da competitividade do País sob a ótica do pensamento sistêmico nas estratégias de diferenciação e negociação foram abordados em palestra de Nunes, durante reunião-almoço promovida nesta quinta-feira (18) pela Câmara Brasil-Alemanha, na Associação Comercial de Porto Alegre.
Pela situação atual citada pelo executivo no País, a medição de competitividade sistêmica do Brasil o coloca em 61ª colocação entre 63 países levados em consideração. Isso estaria atrelado ao chamado “custo Brasil”, que encarece a produção nacional em cerca de 40% na relação com produtos manufaturados nos Estados Unidos e Europa.
O executivo argumentou que o sucesso econômico de qualquer nação depende de sua inserção no mercado globalizado. Por outro lado, para que haja a devida colocação por parte do Brasil, é necessário um planejamento sistêmico adequado, que congrega iniciativas individuais, empresariais e governamentais. “Necessitamos de ampla cidadania política, as visões de governo costumam ser pautadas por decisões que não contemplam um plano de Estado, mas planos para as próximas eleições”, criticou Nunes.
Acrescido a isso, Nunes criticou a “política externa ideológica” praticada pelos governos ligados a esquerda, que aproximaram nossa economia a países latino-americanos, e não às grandes potências globais. Ao mesmo tempo, diz, a burocracia brasileira está balizada por 4,4 milhões de normas editadas desde 1988. “Um alvará de construção por aqui demora em média 469 dias, enquanto na Ásia são 26 dias”, lamenta, ao registrar que somente o licenciamento ambiental é regido por 30 mil textos.
Estes fatores fazem com que investidores internacionais não vejam o Brasil como uma alternativa segura para injeção de valores. A solução, acredita Nunes, estaria ligada a uma gestão eficiente que eliminasse estes problemas e participação ativa da sociedade.
“A cidadania política pressupõe que as decisões de interesse da sociedade não podem ser delegadas, mas devem ser construídas por parte da sociedade organizada”, enfatiza Nunes. Sendo assim, o empreendedor poderia avançar na cidadania política a partir do diagnóstico e da socialização de problemas para a construção de uma agenda de reformas e iniciativas, entre outras possibilidades.