Klabin
O menor volume de vendas das indústrias de papel e celulose no último trimestre de 2014 foi compensado pela desvalorização do real. Como exportador, o setor recebe em dólar e ganha mais com a conversão entre as moedas quando o dólar se valoriza.
A Klabin, que divulgou ontem seu balanço financeiro, teve um volume de vendas total de 443 mil toneladas no último trimestre do ano passado, redução de 5% ante o mesmo período de 2013. A receita líquida, no entanto, subiu de R$ 1,236 bilhão para R$ 1,257 bilhão na mesma base comparação.
A empresa atribuiu o resultado ao aumento de receita obtido pela valorização do dólar. “A receita líquida do quarto trimestre do ano passado, incluindo madeira, cresceu 2% em relação ao quarto trimestre de 2013 (…) influenciada pela desvalorização do real em relação ao dólar que compensou o menor volume de vendas no mercado externo”, informa a Klabin em relatório que acompanha o balanço.
O ganho financeiro com a desvalorização do real ocorreu mesmo com uma queda no volume de exportações. No último trimestre do ano passado, a empresa exportou 125 mil toneladas, redução de cerca de 20% ante o mesmo período de 2013.
Um processo parecido aconteceu na Fibria que viu seu volume total de vendas cair de 1.441 mil toneladas no quarto trimestre de 2013 para 1.410 mil toneladas no mesmo período de 2014, redução de 2,1%. A receita líquida da companhia no quarto trimestre do ano passado foi de R$ 2,001 bilhões, alta de 2,2% ante o mesmo período de 2013 e o melhor resultado para um trimestre da história da empresa.
“Os valores das vendas de celulose no Brasil são atrelados ao dólar norte-americano e recebidos em reais. Deste modo, os passivos da companhia funcionam como uma proteção natural de parcela da exposição à moeda das receitas de exportação, eliminando parte do descasamento de moedas entre ativo e passivo”, afirmou a Fibria em relatório que acompanha seu balanço anual relativo a 2014.
Dívida
O efeito cambial, no entanto, também pesa negativamente no caixa das companhias. Isso porque ao mesmo tempo que grande parte da vendas das indústrias do setor é feita em dólar, as dívidas também são assumidas em moeda norte-americana. Dessa forma, quando o real se desvaloriza, a dívida também cresce.
Para o analista do BB Investimentos, Victor Penna, o efeito cambial positivo é maior do que o negativo e os resultados financeiros das companhias do segmento devem “ser impulsionados pela desvalorização do real porque ela devem ganha muito em receita com esse processo”.
O analista da corretora Coinvalores, Danilo de Julio, acredita que a Fibria e a Suzano são mais beneficiadas que a Klabin porque elas têm um nível maior de exportação maior. A Klabin tem cerca de 75% de suas receitas líquidas com transações no mercado interno, mas possui 62% de sua dívida em dólar.
“A Klabin está um pouco mais exposta do que empresas como a Fibria e a Suzano, mas o efeito cambial em geral é positivo para a empresa e a parte operacional e os novos projetos não serão afetados pela valorização do dólar frente ao real”, afirmou de Julio.
Um dos desafios enfrentados pela Klabin é o nível de endividamento. A companhia terminou 2014 com R$ 5,2 bilhões de endividamento líquido, alta de 32% ante 2013.
A empresa tem dificuldade de diminuir esse valor porque o fluxo de caixa está voltado para sustentar um programa de investimentos, o chamado Projeto Puma, que acaba em 2016 com previsão de investimento de R$ 5,8 bilhões.
Dessa forma, a empresa não tem espaço financeiro para fazer uma movimentação como a Fibria que conseguiu reduzir o tamanho da dívida. Em 2014, a companhia reduziu para US$ 2,8 bilhões seu endividamento líquido, o menor patamar desde a criação da companhia.
“Outro fator que também enfraquece o fluxo de caixa da Klabin são os desembolsos de caixa para pagar o projeto Puma. Apesar disso a companhia está equilibrada financeiramente”, analisou de Julio.
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