Tanto a Fibria quanto a Suzano Papel e Celulose estão ganhando mais tamanho como produtoras de celulose. Com uma nova fábrica ainda a caminho de operar em ritmo de capacidade nominal, a Fibria está amortizando o investimento de US$ 2,2 bilhões em Três Lagoas (MS). A Suzano se prepara para novo salto, com a possível construção de uma unidade industrial no Estado de São Paulo ou por via inorgânica, com possível aquisição da paulista Lwarcel.
Considerando-se apenas a capacidade instalada, a Fibria pode produzir 7,25 milhões de toneladas por ano de celulose de eucalipto. Além disso, tem um acordo comercial de seis anos com a Klabin, contados a partir de 2016, para venda de ate 900 mil toneladas por ano da celulose de fibra curta produzida pela companhia na fábrica de Ortigueira (PR).
A Suzano, por sua vez, pode produzir 4,7 milhões de toneladas anuais de celulose, mas 1,06 milhão de toneladas estão integradas à produção de papel, segundo dados da empresa de 30 de novembro. Assim, a companhia tem 3,64 milhões de toneladas da fibra para vender a terceiros. Esse volume tende a superar 5,1 milhões de toneladas no médio prazo caso a Suzano efetive sua intenção de colocar no interior paulista uma nova fábrica, apta a 1,5 milhão de toneladas. O projeto, que ainda tem de ser submetido à aprovação do conselho, demandaria investimentos da ordem de R$ 6,5 bilhões.
Esse plano, porém, não deve ser levado ao conselho caso a Suzano chegue a um acordo de compra da Lwarcel, cujo controle foi colocado à venda pelo grupo Lwart com o objetivo de viabilizar um investimento de R$ 5 bilhões para ampliar a fábrica de Lençóis Paulista (SP). Hoje, a unidade produz pouco mais de 250 mil toneladas por ano e, com a expansão, chegaria a 1,5 milhão de toneladas anuais.
Juntas, Fibria e Suzano seriam uma companhia de quase 11 milhões de toneladas anuais de celulose de eucalipto – sem considerar a matéria-prima integrada à produção de papel. Esse porte isola a nova empresa na liderança do ranking mundial de produtores de fibra de mercado. A segunda colocada é a chilena Arauco, que também estaria na disputa pela Lwarcel e chegou perto de comprar a Eldorado Brasil, hoje sob controle de J&F Investimentos e Paper Excellence.
Com esse tamanho, a empresa combinada teria influência mais determinante no comportamento dos preços da celulose de fibra curta. Hoje, nenhum produtor, sozinho, é capaz de formar preços.
O mercado aguarda há anos uma fusão entre Fibria e Suzano e uma parte dessa expectativa já foi incorporada ao preço das ações das duas empresas desde meados do ano passado, quando as conversas entre as companhias se tornaram efetivas. Ontem, com a confirmação de que os Feffer voltou a procurar a Fibria para conversar, os papéis da Suzano subiram 3,33%. Os da Fibria, 3,8%.
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