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“Em um setor como o da produção de celulose, as empresas bem-estruturadas tendem a ter um programa de crescimento”, sinaliza o diretor-presidente. “Dentro dessa lógica, faria muito sentido nós, sendo bem recebidos no Rio Grande do Sul, que não deixássemos de dar uma prioridade de crescer aqui.” A perspectiva, no entanto, não está objetivamente colocada no papel por uma razão: o Brasil restringe a compra de terras brasileiras a estrangeiros ou empresas brasileiras controladas por estrangeiros. O impedimento é decorrente de um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), de 2010. Uma revisão desse entendimento poderia não só viabilizar uma nova fábrica da CMPC no Estado, como também atrair mais investimentos para o País.
“O Brasil precisa de investimentos, e esse seria um canal a mais de atração de investimentos em geral do exterior por meio de empresas brasileiras de capital estrangeiro, portanto sujeitas, como se diz, à caneta do governo brasileiro”, destaca Nunes. “Evidentemente que essa mudança abre a possibilidade de pelo menos termos um sonho de considerar um crescimento.”
No final do mês passado, em entrevista ao Jornal do Comércio, o governador José Ivo Sartori disse que está em tratativas com o governo federal para reverter a decisão. Reportando que seu pedido foi bem recebido pelo novo governo, Sartori crê na possibilidade de que a mudança ocorra ainda neste ano, o que viabilizaria investimentos calculados em R$ 12 bilhões (só a CMPC responderia por cerca de R$ 10 bilhões, segundo o governador).
Nunes é cuidadoso em tratar do tema, mas não oculta o interesse, ainda que se mantenha atento aos fatos que condicionam a decisão. “De certa maneira, o governador está nos estimulando a fazer o crescimento no Rio Grande do Sul, e eu também tenho meu sonho de crescer por aqui, na razão em que a sociedade tem nos dado todo o apoio em nos considerar como algo positivo no Estado.”
Parte desse reconhecimento foi explicitado na noite de ontem, durante a 44ª edição do Prêmio Exportação RS, que homenageou a CMPC Celulose Riograndense com o troféu Exportador Diamante, distinção especial às empresas que venceram o prêmio concedido pela ADVB/RS em 10 edições.
“É um prêmio que tem um grande efeito motivador, não só para a companhia, mas para seus funcionários e para as empresas que estão agregadas à nossa cadeia econômica”, destacou Nunes. A solenidade ocorreu no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre.
Por ter vencido cinco edições, a Keko Acessórios foi congratulada com o troféu Exportador Ouro. Uma das principais distinções do Prêmio, o Troféu Destaque Exportador foi conferido à companhia que alcançou a primeira posição no ranking das maiores exportadoras gaúchas em 2015, a Braskem, que ostenta o título desde 2012.
“A iniciativa privada no País desempenha um papel crucial para o desenvolvimento, por mais intrincadas que sejam as circunstâncias globais e o rumo dos governos nacionais”, declarou Renato Malcon, presidente do Conselho do Prêmio Exportação RS, em seu discurso de abertura da cerimônia.
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