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CEOs avaliam o atual cenário sob o olhar da indústria de tissue

O 5º Painel Tissue Online teve as participações de Luís Delfim, Marcelo De Domênico, João Soares e Fernando Pinheiro

Nessa sexta-feira, 14, foi lançado o 5º Painel Tissue Online, que teve como tema: Uma análise do cenário atual sob o olhar da indústria de tissue. Os convidados do debate foram: Luís Delfim, diretor geral da Softys; Marcelo De Domênico, CEO da Damapel; João Soares, CEO da Ipel; e Fernando Pinheiro, CEO da Copapa.

A discussão se deu em torno das mudanças trazidas pela pandemia do novo coronavírus, que atingiu diversos setores da economia, inclusive o de papel tissue, afetando-o de duas maneiras. Na linha de consumo, que, num primeiro momento, teve um boom, mas foi se ajustando e, hoje, pode-se dizer que voltou ao normal; e na linha institucional (professional), que foi duramente impactada com o isolamento social e o fechamento de grandes centros comerciais.

Luís Delfim começou compartilhando sua visão sobre as mudanças no mercado de tissue em decorrência da pandemia. “A gente percebeu o mercado com muita demanda no mês de março, principalmente quando foi definido que era uma pandemia e que o Brasil estava entrando nessa pandemia, então, vimos alguns parceiros, mercados desabastecidos, porque a demanda foi muito rápida. Isso veio se normalizando e, já no mês de abril, o mercado estava praticamente todo reestabelecido. No negócio de tissue macio, eu diria que na pandemia teve esse pico, depois voltou ao normal. O que a gente observa no mercado como um todo, que também vem nos impactando positivamente, é a categoria de toalha de papel, que cresceu espaço em gôndolas, cresceu número de ofertas de fabricantes, até mesmo marcas privadas, tivemos grandes varejistas que ampliaram seu espaço de exposição de produto, crescemos nossas marcas. Por outro lado, a gente olha a categoria guardanapo, que é usado como ocasião de consumo muito para socialização, mas, como as pessoas estão distantes, notamos que é uma categoria que cai”, avalia.

Marcelo contou de que forma a pandemia afetou a rotina da Damapel, e explicou que o mês de março foi o mais atípico em todo o setor. “Depois, os outros meses foram se estabilizando. Dentro da fábrica, uma vez por mês, enquanto durar a pandemia, estamos distribuindo para os nossos colaboradores um kit de limpeza, com água sanitária, sabão, detergente líquido, estimulando que a as pessoas não deixem de fazer a limpeza na própria casa e, com isso, formar uma consciência da limpeza. A questão da linha profissional foi um desastre, tínhamos alguns clientes de bar e restaurantes que ficaram desesperados, foi um setor extremamente afetado, mas de certa forma, isso fez com que a gente repensasse nosso negócio. A forma de trabalhar, fazer live, home office, são mudanças culturais que acabaram acontecendo de uma forma muito rápida”, pontua.

Para a Ipel, houve aumento na demanda, principalmente na segunda quinzena de março. “Tanto no segmento doméstico quanto no institucional, acreditamos que muitos dos nossos clientes do institucional acabaram querendo se antecipar para estocagem e o resultado disso foi que março foi o recorde do histórico de vendas da companhia, isso acabou refletindo em abril. Paralelamente a isso, a gente tinha uma preocupação muito grande, por questão dessa doença, acabava colocando uma pressão psicológica em nossos colaboradores, então, tomamos uma série de medidas aqui na fábrica para que eles pudessem vir trabalhar ‘tranquilamente’, até porque o nosso setor foi caracterizado como atividade essencial e importante no combate à Covid-19”, conta João.

Já na Copapa, Fernando destaca que a companhia teve “números interessantes” de janeiro a abril, o que levou à tomada de algumas medidas. “Isso foi positivo, porque anulou alguns efeitos que tivemos de dificuldades, como o impacto do câmbio e escassez das aparas. Internamente, nós adotamos cuidados com kit pessoal para os funcionários com álcool em gel e máscaras, medimos temperatura de 100% dos colaboradores. Nós identificamos algumas instituições de catadores em São Paulo e fizemos doações com material para fazer kits; no Rio de Janeiro, fizemos doações de cestas básica associada a produtos de higiene”, fala.

Outro assunto comentado pelos convidados foi o consumo de tissue per capita no país, que ainda é considerado baixo – de cerca de 6 kg por habitante no Brasil –, mas pode aumentar em um cenário pós-pandemia. “Acho que para aumentar o consumo per capita precisa de três alavancas: a primeira é de consciência de hábito de consumo, que eu acho que a Covid-19 está fazendo as pessoas terem maior consciência. A segunda é econômica, se acreditarmos que todas as reformas que já aconteceram ou que eventualmente vão acontecer, como a reforma tributária, que agora está voltando para o congresso, eu acho que temos um potencial de crescimento e crescimento econômico, outro fator que ajuda você aumentar consumo per capita da nossa categoria. O terceiro fator que me dá mais esperança e expectativa praticamente passou desapercebido, é o marco regulatório de saneamento, que foi aprovado no congresso”, enumera Delfim.

Marcelo também comentou que o marco regulatório deve ajudar a alavancar o setor. “Esse marco regulatório do saneamento básico vai ser muito importante para o Brasil, pois vão vir empresas que efetivamente vão investir, porque nenhum político gosta de investir, infelizmente, em esgoto. Com relação ao pós-Covid-19, o que a gente sente é que por exemplo, toalha de cozinha, produtos de limpeza vão tender a crescer”, acredita.

Para João, a crise deve fazer as empresas repensarem diversos conceitos. “Principalmente lugares de alto fluxo vão repensar a maneira a qual fazem a instalação de seus toaletes; era muito comum aeroportos, shoppings, rodoviárias, usarem secadores de mãos elétricos. Com essa questão da Covid-19, isso está mudando, estamos vendo alguns shoppings inutilizando esses secadores de mãos e partindo para bobinas-toalha. O mercado institucional teve um baque grande, para nós esse baque aconteceu principalmente em maio e junho; a área de food service, de maneira geral, era a bola da vez de vários setores de consumo da indústria brasileira, esse setor caiu bastante, agora a partir de julho, com as flexibilizações os setores estão voltando, mas ainda de maneira gradual e moderada. Voltar à situação pré-Covid-19 eu acredito somente quando a gente tiver a vacina”, avalia.

Fernando encerrou dizendo que acredita em uma retomada da economia, e divide o atual o momento sob dois olhares: “Um olhar interno e um externo. No olhar interno, nós continuaremos com esse foco em uma economia sustentável aliado com o marco regulatório do saneamento. No olhar externo, nós ficamos de olho nesse ‘novo normal’, acho que temos que ter um foco na modernização dos nossos negócios e, com isso, buscando aquela manufatura aditiva que é um dos elementos da indústria 4.0, temos que abrir os olhos para o e-commerce”, conclui.

Confira na íntegra o Painel Tissue Online com o tema: Uma análise do cenário atual sob o olhar da indústria de tissue:

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